No
fim-de-semana passado, fui surpreendido com o final de mais prova do Dakar. Vi
a notícia aqui – http://www.record.xl.pt/Modalidades/Motores/todo_terreno/interior.aspx?content_id=799845
Ao contrário
de muitos parceiros da infância e juventude, que se plantavam à frente do
televisor para se banharem pelos raios catódicos sempre que o canal 1 transmitia
“corridas de carros”, eu achava aquilo muito entediante, à excepção, talvez, dos
minutos iniciais. Vá lá saber-se porquê, mas quase fazia figas para que a
fuçanguice dalgum condutor provocasse um acidente.
Não há nada como aparato da
chapa batida para prender a atenção.
Havia, porém,
duas provas a que, à custa de tanto alarde, ninguém ficava indiferente. A
primeira era o Rally de Portugal, que me recordo ser “da” TAP e mais tarde “do”
Vinho do Porto”. Infelizmente, perdeu notoriedade quando foi arredada do
Campeonato Mundial de Rallies; na altura comentou-se que foi vítima de tricas e
de interesses económicos… Anos volvidos e o “nosso” rally voltou ao circuito
mundial, desta feita patrocinada pela Vodafone, mas sem o brilho (para mim) de
outrora.
A segunda
prova era o Paris-Dakar. Isto no tempo em que se partia do velho continente e
terminava em África. Era a prova mais dura do todo-terreno. Os participantes,
“homens com tomates”, “mulheres com ovários” e condutores endinheirados que não
se importavam de estafar pequenas fortunas para participar nesta prova,
arriscavam a vida nas dunas quentes e traiçoeiras do Sara. Era feérico ver carros
de rally, buggies, motos, camiões e uma ou outra extravagância sobre rodas
pintalgarem durante dias o maior deserto (quente) do mundo.
Outra memória que
ficou vincada era o noticiário do primeiro dia do ano a dar conta do progresso
da corrida e a forma como os intrépidos condutores haviam gozado o reveillon. A
prova atravessava o espaço e o tempo, de um ano para o outro.
O Dakar ainda
existe. A capital do Senegal está no mesmo sítio, mas é completamente alheia à
prova desportiva que lhe usurpou o nome. A corrida Dakar é agora, que é como
quem diz desde 2009, disputada no continente sul americano alegadamente por
questões de segurança e avançou no calendário.
Independentemente das prestações
lusas, que têm sido notáveis, eu apaguei Dakar do mapa, desportivo, entenda-se.
E fico a pensar que, caso se não tivesse tropeçado numa notícia, até era capaz
de pensar algo do género: “Dakar?! Isso não acabou?”…