Friday, August 22, 2008

Tanto barulho por nada

Acicataram a opinião pública, foram zurzidos e achincalhados porque querem ficar na caminha, porque não se dão com competições daquelas, porque temem as adversárias, porque desistem, porque bater recordes nacionais é insuficiente, porque falam, porque foram fazer turismo, porque isto e porque aquilo... O importante é trazer medalhas para casa.
O objectivo, em parte, foi atingido e a atenção prestada pelo Record, imprensa da especialidade, é o que se vê: uma "tripa" na primeira página.

Friday, August 15, 2008

Thursday, August 07, 2008

Um partido por inteiro

O país está mal… grassa a crise económica, de ideias e, para muita gente, de valores, mas pelos vistos, ainda há lugar para mais uns quantos. Chama(m)-se "MMS", Movimento Mérito e Sociedade, e são diferentes, dizem eles. Apregoam o rigor financeiro, a transparência, o mérito e a responsabilidade. Onde é que eu já ouvi isto?
Não são de esquerda nem de direita; o MMS não se revê nessa lateralidade porque é um partido da frente.
Fico mais descansado. Se fosse um partido da diagonal o caso era grave.

Wednesday, August 06, 2008

Metropolis

Na semana passada, estava eu entregue aos meus pensamentos e a apagar algumas das centenas de mensagens antigas que guardo na minha caixa de correio electrónico – às vezes, tenho a sensação de que se reproduzem às minhas escondidas - quando reparo na entrada de uma colega. Estava visivelmente pertubada, cabisbaixa, tinha os olhos vermelhos e a voz embargava com alguma frequência. O seu estado, físico e de alma, devia-se ao desaparecimento da sua mascote, um daqueles cães de raça xpto, na noite anterior. Ela e o marido bateram a zona em busca do bicho, fizeram e colaram cartazes em sítios estratégicos, contactaram canis, a Polícia, instituições, etc., foi uma espécie de Maddie em versão animal.
O seu sofrimento um pouco atroz e a lassidão que demonstrava todas as manhãs durou exactamente oito dias.
O cão foi recolhido por um bom samaritano, também amante de animais, que teve a gentileza de procurar o dono. Um animal de tal porte e pedigree não podia ser vadio. Tudo está bem quando acaba bem.
Hoje, reparo numa notícia espantosa. Cientistas da Coreia do Sul clonaram um cão de estimação pela primeira vez. Foi um trabalho de encomenda, solicitado e financiado por uma norte-americana. Lembrei-me imediatamente do filme 6.º Dia, protagonizado pelo Governador da California, Arnold Schwarzenegger. Não é uma obra brilhante, mas levanta algumas questões éticas pertinentes. Até onde os cientistas estão dispostos a ir?

Andy Warhol

Se fosse vivo, hoje celebraria o octagésimo aniversário... O seu legado é indiscutível, mas prefiro Roy Lichtenstein.

Tuesday, August 05, 2008

Reality show para estilistas

Philippe Starck, provavelmente o designer mais famoso da actualidade, e o canal BBC2 vão estrear em Setembro, a julgar pela data limite de inscrição, 22 de Agosto, um reality show para os aspirantes a designers: School of Design.
Dez mentes criativas, seleccionadas entre milhares de estilosos, terão o privilégio de trabalhar durante meses na escola deste Da Vinci do design, em Paris. Após o fim da série de programas, o vencedor, caso aceite o convite, passará a fazer parte da "tribo" de Starck… com um contrato de seis meses; se é renovável ou a recibo verde só o sr. Starck é que sabe!

A vingança do capitalismo

Líder, revolucionário, sonhador, guerrilheiro… Ernesto Guevara de la Sena, vulgo Che Guevara, deve estrebuchar no além sempre que vê o seu rosto estampado numa t-shirt, num porta-chaves ou numa caneca como um vulgar produto de merchandising.
De todas as "afrontas" que já vi, a mais original veio da How2work Toys, que produziu uma action figure, um boneco, do famoso revolucionário argentino.
A figura tem 30,5 centímetros de altura e inclui um charuto cubano, bóina e pistola.
Che(ga a dar vontade de rir)!

Monday, August 04, 2008

It's full of stars!

Há quase dez anos, a minha "cromice" pela ficção científica, levou-me a participar num encontro de fãs do Star Trek, em Cascais. Conhecendo o ânimo contido e o bom senso dos portugueses neste tipo de coisas, imaginei um pequeno grupo de entusiastas, "normais", dispostos a trocar ideias e DVDs… pirateados!
Em circunstância alguma imaginei algo semelhantes às convenções norte-americanas, onde os fãs quase elevam as suas séries de eleição à categoria de religião.
Cascais. Mal conheço esta vila, mas as indicações que me haviam dado eram excelentes, verdadeiramente à prova de desorientados. Rapidamente dei com o ponto de encontro, uma loja especializada em BD, filmes, kits, posters, action figures, merchandising diverso… um paraíso para crianças de todas as idades e um inferno para quem compra os brinquedos a essas crianças.
Quando transponho a porta, tal não é o meu espanto quando vejo uma jovem balzaquiana maquilhada da trill Jadzia Dax; uma personagem extraterrestre, idêntica aos humanos, com o pescoço e as orelhas pintalgadas, enfim, tiques da FC de consumo imediato.
Bem, pensei eu para os meus botões, ela é fã dos pés à cabeça, faz jus ao neologismo americano "trekker". Em menos de meia hora juntaram-se-lhe três ou quatro fãs, também vestidos a rigor com a farda da(s) série(s) e ainda traziam acessórios.
Senti-me um veraneante vestido numa praia de nudistas. O estranho, o maluco, o deslocado naquela sala era eu! Trocámos ideias e falámos de trivialidades relacionadas com o universo da "nossa" série, Star Trek.
Pouco depois, confesso que me senti incomodado quando saímos para almoçar. Atravessar Cascais na companhia de "malucos" com roupas bizarras não estava nos meus planos quando saí de casa, mas fi-lo… com alguma cobardia porque, de quando em quando, deixava-me ficar para trás como quem diz "Eu não estou com eles!". Naturalmente, não nos livrámos de ouvir alguns comentários jocosos na rua e no restaurante.
Não fiquei traumatizado nem passei a gostar menos de FC por causa disso. Entre as muitas frases feitas que servem de corolário a determinadas situações, há uma que diz que a arte/ficção imita a vida/realidade. Se quisermos fazer o contrário, é preferível realizá-lo numa terça-feira, 47 dias antes da Páscoa.
Outro episódio, bem mais recente, relacionado com a FC teve lugar na sexta-feira passada, no Observatório Astronómico de Lisboa, onde contemplei, pela primeira vez, vários corpos celestes com o auxílio de um telescópio. Vi Júpiter, enxames de estrelas, a M57 e outros objectos astronómicos referenciados no catálogo de Messier.
Quando reparei nos telescópios postos à disposição do público, fiquei impressionado pelo tamanho e robustez dos mesmos. Pintei na mente telas deslumbrantes do cosmos, dos fenómenos que fizeram parte do meu imaginário; nebulosas, nuvens de gás, satélites, as crateras da Lua, os rios de Marte… As minhas expectivas, já de si altas, cavalgaram quando ouvi as características dos aparelhos ópticos: lente "x" com espelho "y", equipado com motor "z" para acompanhar o movimento da Terra, etc. e tal. Uau!
Chegada a minha vez de espreitar pelo telescópio não quis acreditar no que estava a ver. Estaria a minha retina a enviar os sinais correctos para o cérebro? Não seria melhor tirar os óculos… focar a lente? Mas não. Aqueles salpicos brilhantes, que para um leigo se poderiam confundir com riscos na lente, eram a M57.
Senti uma espécie de desilusão, estava intoxicado pela FC, mas, como se costuma dizer, caí em mim e na realidade. Apesar de tudo, a experiência foi "espacial". Em pouco mais de duas horas descobri imenso sobre a Terra e (re)aprendi a observar o espaço.
Nunca me senti tão pequeno…
Obrigado, Ciência Viva.

Friday, August 01, 2008

À borla! Grátis! Ofertas!

2as, 4as, 6as, sábados e domingos no DN e 6as-feiras no Público são dias do livro... Sem custos adicionais!
Kafka, Boccaccio, Tchekov, Voltaire, Tolstoi e Poe são apenas alguns dos autores que figuram nestas colecções.
A iniciativa é boa, mas eu dispenso porque o que não me falta em casa é papel! Além disso, não há meio de acabar de ler a colecção Novis, também de clássicos, distribuída pela Visão há um (hor)ror de anos.
Estou no número 20, com "O Vermelho e o negro", de Stendhal, que se conhecesse esta edição concerteza escolheria o título, "O Vermelho e as letras miúdas num papel amarelado"...

Atravessar o Tejo


Estamos na primeira década do século XXI. Toda a Europa é controlada por leis anti-tabaco...
Toda? Não! Uma empresa de transportes públicos povoada por irredutíveis funcionários ainda resiste à Lei. E a vida não é nada fácil para os utentes desta firma que trabalham em Lisboa, Oeiras, Amadora...
Curiosamente, anos antes de conhecermos tais leis, nas salas de espera desta empresa, ocasionalmente, era proibido fumar. O rigor desta regra dependia do vigilante de serviço. Estavam à frente do seu tempo, porém, tal como bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz, o regulamento aplicava-se única e exclusivamente aos utentes, já que os da "casa" fumavam e fumam copiosamente. Tanto que, a escassas semanas da lei entrar em vigor, era vulgar ver funcionários fechados nos guichés a fumar ao mesmo tempo que atendiam clientes. Na certa, davam uma "passa" por cada "x" bilhetes vendidos!
Não é nenhuma visão dantesca, mas estes aquários de fumo são mais próprios dos filmes americanos dos anos 40 e 50 do século passado do que de uma empresa que se diz moderna.
Ainda hoje, mesmos nos dias de maior azáfama, quando o vício ou o stress aperta, alguns funcionários abandonam temporariamente o seu posto para ir à rua queimar um "Garrett". Quem não acha piada são as pessoas que ficam na fila...
Mas os verdadeiros irredutíveis são os marinheiros. Esses sim, são homens de fibra, e não abandonaram anos de tradição - e a rapaziada nova que chega, segue-lhe as pisadas - só porque uns senhores em S. Bento se lembraram que era melhor fazer assim do que assado. Apesar de ser proibido fumar nas instalações da empresa, eles, só porque estão ao ar livre, não se coíbem de o fazer com a maior das naturalidades. E se entretanto é preciso atracar uma embarcação, não se atrapalham nem um pouco. Uma mão segura o cigarro enquanto a outra chega e sobra para receber a amarra e prendê-la ao cabeço. Os menos destros levam o cigarrinho à boca para ficar com ambas as mãos livres. É tudo uma questão de atitude no trabalho.