Friday, November 03, 2006

Prazer imediato


Estou triste. A prestação da casa não pára de subir, os meus electrodomésticos decidiram dar o badagaio, sinto-me desiludido com a minha situação profissional, e mesmo noutros campos, não estou a ver nenhum futuro promissor. Se calhar a culpa é minha; não me esforço o suficiente, emano algum tipo de energia negativa… Sei lá!
Felizmente, redescobri alguma boa disposição e alívio numa mão cheia de trivialidades. Na leitura e música popular, na comédia fácil, nas voltinhas pelo meu bairro. Pelo menos nisto, a sociedade colabora comigo; sinto-me perfeitamente integrado.
O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, que me fazia companhia nas parcas dezenas de quilómetros que antecedem e sucedem a labuta diária, está a ganhar pó numa prateleira. Agora, as minhas leituras são as “gordas” do 24 Horas, a Dica da Semana, o Metro e o Destak. Às vezes também folheio, com uma tremenda vontade de desfolhar, a Caras.
A minha televisão, enquanto não se juntar à facção dos electrodomésticos rebeldes, saltita entre as séries de ficção do AXN e as SIC Comédia e Radical. Engulo o Sobrenatural, a Cléopatra 2525, Porcos, Feios e Maus, Benny Hill, luta livre americana…
Na internet descobri, aliás, deram-me o link de uma colecção de filmes do Charlie Brown brilhantemente dobrados. É forte, muito forte, mas é hilariante!
O cinema é outra panaceia de eleição. Tenho visto filmes extraordinários como a Senhora da Água; saí da sala praticamente em lágrimas, mas se quero uma válvula de escape, uma anestesia para o meu estado de espírito, é preferível ver um filme de acção pura e dura ou de carne. Melhor ainda: uma combinação de ambos! Foi (parte d)o meu programa no último feriado. Primeiro passei pelo jardim da Estrela para (re)ver os trabalhos da Anabela (http://a-ponto.blogspot.com) . Não resisti e comprei um babete para o meu afilhado.
Ao fim da manhã estava à porta do Alvaláxia para ver o DOA – Guerreiras Mortais. Que coisa mais linda! Elas lutam em roupa interior, em fato de banho, saltam, jogam vólei, dão piruetas, desafiam as leis da física, mas não perdem a pose. Estão sempre graciosas e com a maquilhagem impecável – isto lembra-me as cenas de pancadaria dos cowboys nos antigos filmes de western; por mais socos que os heróis apanhassem ou rebolassem na terra, conseguiam manter o chapéu aprumado e na cabeça!
Enquanto obra cinematográfica, DOA não é mortal, é miserável, mas quero lá saber disso! Já tive a minha dose da Cinemateca, do cinema europeu, do cinema mudo, dos musicais, dos ciclos do King, disto e daquilo… DOA deu-me o que eu queria naquele preciso instante. Comédia, grandes planos de corpos esculturais e sequências de lutas bem executadas.

1 comment:

Warrior Princess said...

Amigo,
Não adianta perdermos o nosso tempo a pensar nas situações inesperadas que nos arruinam financeiramente...o facto de ficarmos tristes, infelizmente nada faz alterar esse cenário! Por isso, resta-nos usufruir de cada momento da nossa vida, com intensidade e daí extrair o que de mais positivo consigamos! Se a cada minuto do nosso dia tentarmos ter um prazer imediato, o nosso dia será repleto de prazer! Para termos Grandes Momentos, à que saber usufruir de todos os pequenos! ;-)
Beijokitas