Provavelmente a cena mais sexy do cinema
Monday, April 21, 2008
Friday, April 18, 2008
Thursday, April 17, 2008
Um português no Pólo Norte com um Robocop religioso
Continuação...
Entrámos no quarto e a minha amiga apontou para os puxadores das gavetas, e para um outro objecto, onde poderiam estar depositadas impressões digitais. O agente fitou-nos e disse — A realidade é diferente do CSI — num tom sóbrio, sem ponta de escárnio ou de enfado.
Esta cena passou-me completamente ao lado. Cê quê?! E que história é aquela sobre a realidade? Provavelmente, o problema é meu. Percebi mal, mas hei-de desfazer esta confusão.
O polícia ausentou-se por dois ou três minutos, tempo suficiente para ir ao carro buscar material de apoio, e quando regressou trazia consigo uma caixa semelhante às utilizadas para transportar equipamento fotográfico; de seguida abriu a caixa, que continha vários "gadgets" também impecavelmente limpos e arrumados como se tivessem sido fabricados por medida para aquele estojo metálico, e avisou que o produto usado para realçar impressões digitais, um pó em tons de azul, poderia deixar marcas indeléveis na mobília, ou onde fosse aplicado. A minha amiga concordou com o procedimento, mas o resultado, apenas uma impressão parcial e esborratada, foi improdutivo.
Lá fora, o mundo continuava inseguro com mais uns amigos do alheio à solta, ou então tratou-se de uma partida de mau gosto pregada por alunos descontentes com a nota em matemática. Esta última hipótese foi levada seriamente em consideração, e deu origem a outra história que hei-de contar numa futura oportunidade.
Voltámos à sala, mais conformados do que cabisbaixos porque já imaginávamos um desfecho semelhante e trocámos algumas palavras em jeito de despedida. Eu disse ao agente de onde vinha e a minha nacionalidade e desculpei-me pelo meu mau, ou assim-assim, inglês, mas ele asseverou-me que o meu inglês era bom. Inglês mal falado era o que ele tinha ouvido na sua breve estada no Japão. Eles sim, é que falavam um inglês imperceptível. Perante esta bitola já não me recordo se me senti lisonjeado ou diminuído.
Momentos depois, a minha amiga teve o seu momento de argúcia detectivesca quando perguntou ao polícia se ele, por acaso, não vivia em tal parte numa comunidade mórmon. Isto porque ela já tinha tido a oportunidade, e honra, acrescentou, de ter leccionados tais alunos na escola do Pólo Norte – refiro-me ao nome d(e um)a cidade, não ao outro Pólo – e reconheceu nele a mesma gentileza e a boa educação. Bingo!
Bem, lá polido era ele, mas aquilo soou-me a eufemismo para maneirismos.
Enfim... Só quando o Robocop saiu de cena é que me lembrei do tal cê qualquer coisa, que afinal era CSI. CSI é acrónimo de Crime Scene Investigation; uma série de televisão que acompanha as investigações de uma equipa de técnicos forenses da polícia de Las Vegas. Dito desta forma é um tanto ou quanto sensaborão. É preciso ver a série, tal como se costuma dizer quando a situação assim o exige, "entrar no espírito da coisa". E eu entrei ou, ainda melhor, fui possuído!
Não é caso para menos, já que somos arrebatados por uma força policial equipada com engenhocas tão sofisticadas que, quando apanha uma unha do chão, é capaz de descobrir que número calça o ex-proprietário da unha, a sua altura, o tipo de alimentação, alguns hábitos de higiene, onde vive ou passa a maior parte do tempo, que instrumento foi utilizado para o procedimento e a que horas teve lugar, por onde passou o dedo... patiti, patatá. E depois há planos cinematográficos originais que acompanham o raciocínio infalível dos agentes/cientistas. Fazem-se reconstituições em grande plano dos últimos segundos de vida da unha agarrada ao dedo; um raio laser descreve a trajectória da unha desde o dedo até ao chão, sem esquecer o(s) ricochete(s) quando o(s) há.
Num mundo perfeito a vida é assim. Tudo encaixa na perfeição, não há falhas. Os maus são punidos e os que escapam ao braço da lei, arriscam-se a ser castigados num próximo episódio ou roem-se de remorsos. Na realidade, tudo o que a minha amiga ganhou foi um móvel sujo e um sentimento de desconfiança em relação a certos alunos cábulas.
Entrámos no quarto e a minha amiga apontou para os puxadores das gavetas, e para um outro objecto, onde poderiam estar depositadas impressões digitais. O agente fitou-nos e disse — A realidade é diferente do CSI — num tom sóbrio, sem ponta de escárnio ou de enfado.
Esta cena passou-me completamente ao lado. Cê quê?! E que história é aquela sobre a realidade? Provavelmente, o problema é meu. Percebi mal, mas hei-de desfazer esta confusão.
O polícia ausentou-se por dois ou três minutos, tempo suficiente para ir ao carro buscar material de apoio, e quando regressou trazia consigo uma caixa semelhante às utilizadas para transportar equipamento fotográfico; de seguida abriu a caixa, que continha vários "gadgets" também impecavelmente limpos e arrumados como se tivessem sido fabricados por medida para aquele estojo metálico, e avisou que o produto usado para realçar impressões digitais, um pó em tons de azul, poderia deixar marcas indeléveis na mobília, ou onde fosse aplicado. A minha amiga concordou com o procedimento, mas o resultado, apenas uma impressão parcial e esborratada, foi improdutivo.
Lá fora, o mundo continuava inseguro com mais uns amigos do alheio à solta, ou então tratou-se de uma partida de mau gosto pregada por alunos descontentes com a nota em matemática. Esta última hipótese foi levada seriamente em consideração, e deu origem a outra história que hei-de contar numa futura oportunidade.
Voltámos à sala, mais conformados do que cabisbaixos porque já imaginávamos um desfecho semelhante e trocámos algumas palavras em jeito de despedida. Eu disse ao agente de onde vinha e a minha nacionalidade e desculpei-me pelo meu mau, ou assim-assim, inglês, mas ele asseverou-me que o meu inglês era bom. Inglês mal falado era o que ele tinha ouvido na sua breve estada no Japão. Eles sim, é que falavam um inglês imperceptível. Perante esta bitola já não me recordo se me senti lisonjeado ou diminuído.
Momentos depois, a minha amiga teve o seu momento de argúcia detectivesca quando perguntou ao polícia se ele, por acaso, não vivia em tal parte numa comunidade mórmon. Isto porque ela já tinha tido a oportunidade, e honra, acrescentou, de ter leccionados tais alunos na escola do Pólo Norte – refiro-me ao nome d(e um)a cidade, não ao outro Pólo – e reconheceu nele a mesma gentileza e a boa educação. Bingo!
Bem, lá polido era ele, mas aquilo soou-me a eufemismo para maneirismos.
Enfim... Só quando o Robocop saiu de cena é que me lembrei do tal cê qualquer coisa, que afinal era CSI. CSI é acrónimo de Crime Scene Investigation; uma série de televisão que acompanha as investigações de uma equipa de técnicos forenses da polícia de Las Vegas. Dito desta forma é um tanto ou quanto sensaborão. É preciso ver a série, tal como se costuma dizer quando a situação assim o exige, "entrar no espírito da coisa". E eu entrei ou, ainda melhor, fui possuído!
Não é caso para menos, já que somos arrebatados por uma força policial equipada com engenhocas tão sofisticadas que, quando apanha uma unha do chão, é capaz de descobrir que número calça o ex-proprietário da unha, a sua altura, o tipo de alimentação, alguns hábitos de higiene, onde vive ou passa a maior parte do tempo, que instrumento foi utilizado para o procedimento e a que horas teve lugar, por onde passou o dedo... patiti, patatá. E depois há planos cinematográficos originais que acompanham o raciocínio infalível dos agentes/cientistas. Fazem-se reconstituições em grande plano dos últimos segundos de vida da unha agarrada ao dedo; um raio laser descreve a trajectória da unha desde o dedo até ao chão, sem esquecer o(s) ricochete(s) quando o(s) há.
Num mundo perfeito a vida é assim. Tudo encaixa na perfeição, não há falhas. Os maus são punidos e os que escapam ao braço da lei, arriscam-se a ser castigados num próximo episódio ou roem-se de remorsos. Na realidade, tudo o que a minha amiga ganhou foi um móvel sujo e um sentimento de desconfiança em relação a certos alunos cábulas.
Monday, April 07, 2008
Elementar, caro telespectador!
A primeira vez que ouvi falar no CSI foi, creio, há quatro anos. Encontrava-me de férias, no estrangeiro, em casa de uma amiga cuja casa tinha acabado de ser assaltada. Ao ver (mos) que a porta e a fechadura haviam sido forçadas, ela foi buscar a réplica de uma espada medieval à garagem, passou-ma para as mãos – aquilo pesava uma tonelada! - e mandou-me entrar em casa, à frente.
Pensei cá para os meus botões: "E se me dão um tiro? Isto é só malucos com armas!".
As feras que ela tinha em casa, dois ou três pequenos e barulhentos animais, vulgarmente conhecidos por "cães a pilhas", não demoveram os prepetradores, mas os latidos que nos chegavam do outro lado da porta podiam ser ganidos; os bichinhos, provavelmente maltratados pelos patifes, podiam precisar da nossa ajuda. Enchi-me de coragem, que é como quem diz esvaziei a mente, e entrei.
Resultado: os cães estavam bem e aparentemente não levaram objectos de valor nem danificaram o interior da casa. Limitaram-se a forçar a entrada da mesma, abriram e remexeram nas gavetas da cómoda do quarto de dormir e piram-se pelas traseiras.
Refeita do susto, a minha amiga telefonou à família e comunicou o episódio às autoridades policiais.
Dez minutos mais tarde somos surpreendidos pelo filho dela que entra esbaforido em casa, trazendo uma pistola na algibeira do casaco, a perguntar por "eles". Este impetuoso mal tem tempo para se acalmar e descansar porque é interrompido pela chegada da polícia. Como criminosos à vista não havia e ele era o único armado, em quê é que não sei, naquela casa, o jovem preferiu sair de cena… também pelas traseiras.
Entra o polícia - isto já parece uma peça de teatro – que naquelas bandas se chama state trooper. Era um tipo jovem, alto e espadaúdo. Rijo de formas e de feições. Vestia uma farda impecavelmente limpa e engomada, encimada por um chapéu idêntico aos da polícia-montada do Canadá. Mal entra, identifica-se e, como ditam as regras da boa educação, tira o chapéu e coloca-o delicadamente em cima de uma poltrona. Impressionante. Nenhuma nódoa, vinco fora do sítio ou pêlo maculava o chapéu.
Porém, este objecto estranho despertou a atenção do nosso melhor amigo, isto é, de três dos nossos melhores amigos, que desatam a cheirá-lo e a empurrá-lo, ainda que devagar, com a cabeça. O fleuma impertubável do polícia sofreu um sismo para aí de cinco e picos na escala de Richter. A partir daqui, o agente havia de dividir a sua atenção entre a nossa segurança e a do seu chapéu, não fossem os canitos fincar os dentes naquele símbolo de poder.
Quando se sentiu mais à vontade, lançou um segundo olhar analítico à casa enquanto calçava calmamente umas luvas de látex. A minha amiga narrou com pormenor os acontecimentos da última meia-hora, omitindo a parte do filho armado, e disse ao agente que não tínhamos tocado em nada. A cena do crime estava intacta!
(continua...)
Pensei cá para os meus botões: "E se me dão um tiro? Isto é só malucos com armas!".
As feras que ela tinha em casa, dois ou três pequenos e barulhentos animais, vulgarmente conhecidos por "cães a pilhas", não demoveram os prepetradores, mas os latidos que nos chegavam do outro lado da porta podiam ser ganidos; os bichinhos, provavelmente maltratados pelos patifes, podiam precisar da nossa ajuda. Enchi-me de coragem, que é como quem diz esvaziei a mente, e entrei.
Resultado: os cães estavam bem e aparentemente não levaram objectos de valor nem danificaram o interior da casa. Limitaram-se a forçar a entrada da mesma, abriram e remexeram nas gavetas da cómoda do quarto de dormir e piram-se pelas traseiras.
Refeita do susto, a minha amiga telefonou à família e comunicou o episódio às autoridades policiais.
Dez minutos mais tarde somos surpreendidos pelo filho dela que entra esbaforido em casa, trazendo uma pistola na algibeira do casaco, a perguntar por "eles". Este impetuoso mal tem tempo para se acalmar e descansar porque é interrompido pela chegada da polícia. Como criminosos à vista não havia e ele era o único armado, em quê é que não sei, naquela casa, o jovem preferiu sair de cena… também pelas traseiras.
Entra o polícia - isto já parece uma peça de teatro – que naquelas bandas se chama state trooper. Era um tipo jovem, alto e espadaúdo. Rijo de formas e de feições. Vestia uma farda impecavelmente limpa e engomada, encimada por um chapéu idêntico aos da polícia-montada do Canadá. Mal entra, identifica-se e, como ditam as regras da boa educação, tira o chapéu e coloca-o delicadamente em cima de uma poltrona. Impressionante. Nenhuma nódoa, vinco fora do sítio ou pêlo maculava o chapéu.
Porém, este objecto estranho despertou a atenção do nosso melhor amigo, isto é, de três dos nossos melhores amigos, que desatam a cheirá-lo e a empurrá-lo, ainda que devagar, com a cabeça. O fleuma impertubável do polícia sofreu um sismo para aí de cinco e picos na escala de Richter. A partir daqui, o agente havia de dividir a sua atenção entre a nossa segurança e a do seu chapéu, não fossem os canitos fincar os dentes naquele símbolo de poder.
Quando se sentiu mais à vontade, lançou um segundo olhar analítico à casa enquanto calçava calmamente umas luvas de látex. A minha amiga narrou com pormenor os acontecimentos da última meia-hora, omitindo a parte do filho armado, e disse ao agente que não tínhamos tocado em nada. A cena do crime estava intacta!
(continua...)
Subscribe to:
Posts (Atom)