Super-heróis a preço de saldo!
A crise tem destas coisas... A crise ou a necessidade de escoar o produto seja a que preço for. Os leitores agradecem!
A fotografia já tem alguns dias, e como tal, a caixa já não está tão composta, mas ainda assim é possível encontrar alguns títulos interessantes.
Quem sabe, até, a(s) revista(s) que falta(m) para completar a colecção.
Basta passar e entrar na estação de comboios do Cais do Sodré .
4 revistas por 2 euros e meio. É quase dado!
Wednesday, July 24, 2013
Monday, February 04, 2013
Amiga do peito...
O Commodore Amiga (500) foi o primeiro computador que me
saiu, quase na íntegra, das estopinhas. Juntei prendas de anos de vários familiares
e, durante as férias escolares, enquanto os meus amigos iam para a praia e se
refastelavam de papo para o ar em pleno dolce
far niente, eu trabalhava o bronze de outra forma, ajudando o meu pai nas
obras para ganhar uns poucos milhares de escudos.
Adorava o meu ZX Spectrum +, mas lembro-me que estava
mortinho por trocar de computador. Desde que havia jogado e concluído o The Great
Escape, um dos meus títulos de eleição, senti que este fora o ponto final
deste microcomputador. Já não era possível fazer muito mais ou melhor com os
outrora potentes 48K… Além disso, começava a ter conhecimento de outros
sistemas mais evoluídos; ainda o Spectrum, mas com 128K e com disquetes! O
Sinclair QL, MSX, Sam Coupé, Atari ST… Tudo
isto ( e não necessariamente por esta ordem) estava, recordo-me perfeitamente,
na pequena loja da D. Rosa, a Banon & Jesus, a nossa janela para o futuro
tecnológico.
Atingida a soma desejada, impunha-se a escolha do
computador. Para mim, havia três sistemas possíveis: o compatível PC, cujos únicos
modelos acessíveis à minha bolsa eram um Schnneider e um Olivetti, ambos PCs de
baixa gama com reduzidas hipóteses de expansão; o Atari 520 ST e o Amiga 500.
Estes dois últimos computadores eram as derradeiras plataformas multimédia, podiam
exibir de centenas de cores em simultâneo no ecrã, possuíam processadores de 16
bit, sistemas operativos mais intuitivos, som stereo e vocalizações… palavras
como rato, cursor e janelas adquiriam outros significados com estes
equipamentos. O jogo Defender of the Crown
para o Atari ST, desorientou-me temporariamente, mas um laivo de bom senso fez
com que a escolha recaísse sobre o Commodore Amiga 500. Ainda bem! Anos mais
tarde, “reconciliei-me” com o Defender na versão Amiga e mitiguei a sensação de
que estava a passar ao lado de um grande jogo, aparentemente só disponível no
ST… Na altura, pouco se falava de títulos exclusivos para esta ou aquela
plataforma.
A diferença do software, sobretudo no capítulo lúdico, do ZX
para o Amiga foi/é abissal. Os jogos pouco ficavam atrás dos das máquinas que
víamos nos salões de jogos e abriu-se um novo universo de géneros até então
desconhecidos, como as aventuras de point & click, tipo The Secret of
Monkey Island, jogos com sequências animadas mais ou menos interactivas de
cortar a respiração, mesmo que para tal necessitassem de uma tonelada de
disquetes, como os Dragon’s Lair e Space Ace.
A compra do software, leia-se jogos, já que 90% ou mais dos
programas que comprei para este computador foram de entretenimento, também eram
uma espécie de aventura e pretexto para sair de casa e passear por Lisboa. A
maioria destes jogos foi adquirida ao longo dos anos em dois centros comerciais
ou galerias na zona de Picoas. O tempo encarregou-se-me de apagar da memória os
nomes e determinados pormenores destes estabelecimentos… Sei que a minha loja
preferida era num piso térreo e esta mais parecia uma cabina telefónica, de tão
diminutas dimensões. O proprietário, afável, bom conversador e senhor de um
bigode em jeito de Manuel Luís Goucha, que na época o apresentador
contemporâneo seria o Luís Pereira de Sousa, tinha em cima do balcão uma lista para
consulta com os jogos disponíveis, e atrás de si estava o “motor” do seu
empreendimento: um ou dois Commodore Amiga 500, cada um apetrechado com uma
drive externa para agilizar e optimizar o processo de cópia. Era “atar e pôr ao
fumeiro”. Os putos diziam que jogo queriam, e eu fiz parte desse “gang”, e ele
simplesmente dizia que a encomenda estava pronta em 5, 10 ou mais minutos,
dependendo do número de pedidos à nossa frente.
Já na altura se dizia que este maná era sol de pouca dura. A
legislação existia, mas era pouco clara e, além disso, jogava a favor o facto do
negócio dos videojogos ter pouca visibilidade e importância económica. O senhor,
provavelmente como cidadão cumpridor e temente das leis e de Deus, lá ia
dizendo em tom de desabafo que, mal a lei saísse, abandonava o negócio. Não
tinha condições nem vontade para se adaptar aos novos tempos e, convenhamos,
ele tinha um modelo de negócio imbatível, tudo o que viesse a seguir só poderia
significar menos lucro.
A lei saiu e ele seguiu à risca a sua previsão. Encerrou o
negócio, ao contrário de outros colegas que fintaram, com mais ou menos êxito,
a fiscalização.
A menos de 500 metros, outra loja num outro espaço comercial
disputava a atenção dos jogadores. Era um estabelecimento mais sóbrio, maior e
certamente gerido por conhecedores da área, apesar de proporcionar o mesmo
serviço de cópia na hora. Também vendia computadores, software técnico, acessórios,
jogos para outros sistemas e, pasmem-se, jogos originais! Aquilo era uma afronta
à classe operária! As cópias manhosas que comprávamos com o nome escrito à mão,
às vezes com erros, numa disquete genérica - , sim, já que muitas nem marca tinham!
– passaram a ter um sabor amargo de frustração quando comparadas com as caixas
grandes e luxuosas dos jogos originais. Aquilo era, como diz um amigo meu,
comparar a feira de Portalegre com o olho do c… recto. É incomparável.
Não podia deixar de mencionar a loja mais castiça, mais
original, mais invulgar, mais tudo… que conheci “desses tempos”. Situava-se
numa pacata ruela de Alfama. Vista de fora parecia tudo menos uma loja de
videojogos, mas sim uma taberna, daquelas que deve ter um balcão corrido de
mármore, um pouco mordiscado pelo tempo, copos de vidro grosso e fosco, uma ou
mais paredes decoradas com azulejos pretos e brancos, num padrão de xadrez… Se
de fora exala um ar “atascado, por dentro era uma verdadeira taberna”! Nem mais
nem menos. A venda de vinho co-habitava pacificamente com a de software para o
Amiga e só por uma vez, o proprietário me ofereceu um copo de vinho enquanto
fazia as cópias. Voltando a este senhor, pelo sotaque depreendi que fosse
alemão, austríaco, suíço ou dessas redondezas. No entanto, todo ele tinha alma
de taberneiro alfacinha, pelo menos no meu imaginário. Era pequeno, careca,
dono de uma barriga proeminente e sempre o vi vestido de camisa de alças
brancas sarapintada de nódoas de vinho tinto. A mesa dos computadores estava ao
fundo do estabelecimento, mesmo em frente a um longuíssimo balcão, e era hábito
ter à vista umas quantas revistas para consulta. Perdi conta às vezes que o
ouvi gozar, deitar abaixo, as capacidades dos PC. Quando, a título de exemplo,
era lançado um novo modelo da marca “x” ou “y”. Se este PC debitava uma
velocidade alfa, o Amiga galgava alfa mais beta; se o som era stereo com não
sei quantos canais, o Amiga tinha atrás de si uma orquestra sinfónica. Parece que
a cura para todos os males do mundo tinham resposta no Amiga. Esta “jarra”
invulgar não estava só, acompanhava-o a sua mulher, aparentemente bastante mais
nova, e que era pequenina e gordinha, como se quer a sardinha. Acredito que
fosse portuguesa pelo sotaque, mas poucas vezes a ouvi falar a não ser para
confirmar as ideias do marido.
Tive pena, muita pena mesmo que o senhor tivesse fechado
portas. Não cheguei a ir lá muitas vezes, pelo menos as necessárias para privar
um pouco mais com tais excêntricas figuras… Presumo que tenha rumado a paragens
mais civilizadas, já que, segundo ele, estava farto daquilo. Não sei se de
Portugal, da taberna, ou de outra coisa qualquer, mas se tivesse de dar um
palpite, eu arriscaria a dizer ao número de PC em Portugal. Estavam a aumentar
perigosamente e, no processo, a asfixiar o Amiga.
Entretanto, outras lojas abriram, como o Amiga Center, no
Martim Moniz, mas este computador tinha cada vez menos expressão em Portugal. Então, o
computador que “toda a gente” tinha ou ambicionava ter era o compatível PC. O
Amiga era visto (de soslaio) como uma maquineta de jogos e mesmo no capítulo
gráfico e de multimédia, onde podia ganhar terreno, foi ultrapassado pelos
Macintosh.
Batido, mas não vencido, o Amiga procurou outros mercados e plataformas,
como o CDTV, um inusitado sistema de multimédia e entretenimento que apareceu e
desapareceu como um fogo fátuo e o Amiga CD32, que tentou apanhar a boleia das
consolas, não conseguiu afirmar-se como tal.
O Amiga não morreu. “Googlando” a Internet verifica-se que
actualmente ainda se desenvolvem hardware e software para este computador. A
memória permanece intacta, mas os tempos dourados foram-se… Acrescento que,
sinais dos tempos, estou a escrever este texto num compatível PC.
Thursday, January 24, 2013
Isto não é o Dakar
No
fim-de-semana passado, fui surpreendido com o final de mais prova do Dakar. Vi
a notícia aqui – http://www.record.xl.pt/Modalidades/Motores/todo_terreno/interior.aspx?content_id=799845
Ao contrário
de muitos parceiros da infância e juventude, que se plantavam à frente do
televisor para se banharem pelos raios catódicos sempre que o canal 1 transmitia
“corridas de carros”, eu achava aquilo muito entediante, à excepção, talvez, dos
minutos iniciais. Vá lá saber-se porquê, mas quase fazia figas para que a
fuçanguice dalgum condutor provocasse um acidente.
Não há nada como aparato da
chapa batida para prender a atenção.
Havia, porém,
duas provas a que, à custa de tanto alarde, ninguém ficava indiferente. A
primeira era o Rally de Portugal, que me recordo ser “da” TAP e mais tarde “do”
Vinho do Porto”. Infelizmente, perdeu notoriedade quando foi arredada do
Campeonato Mundial de Rallies; na altura comentou-se que foi vítima de tricas e
de interesses económicos… Anos volvidos e o “nosso” rally voltou ao circuito
mundial, desta feita patrocinada pela Vodafone, mas sem o brilho (para mim) de
outrora.
A segunda
prova era o Paris-Dakar. Isto no tempo em que se partia do velho continente e
terminava em África. Era a prova mais dura do todo-terreno. Os participantes,
“homens com tomates”, “mulheres com ovários” e condutores endinheirados que não
se importavam de estafar pequenas fortunas para participar nesta prova,
arriscavam a vida nas dunas quentes e traiçoeiras do Sara. Era feérico ver carros
de rally, buggies, motos, camiões e uma ou outra extravagância sobre rodas
pintalgarem durante dias o maior deserto (quente) do mundo.
Outra memória que
ficou vincada era o noticiário do primeiro dia do ano a dar conta do progresso
da corrida e a forma como os intrépidos condutores haviam gozado o reveillon. A
prova atravessava o espaço e o tempo, de um ano para o outro.
O Dakar ainda
existe. A capital do Senegal está no mesmo sítio, mas é completamente alheia à
prova desportiva que lhe usurpou o nome. A corrida Dakar é agora, que é como
quem diz desde 2009, disputada no continente sul americano alegadamente por
questões de segurança e avançou no calendário.
Independentemente das prestações
lusas, que têm sido notáveis, eu apaguei Dakar do mapa, desportivo, entenda-se.
E fico a pensar que, caso se não tivesse tropeçado numa notícia, até era capaz
de pensar algo do género: “Dakar?! Isso não acabou?”…
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