A chuva chegou, viu e foi-se embora. A temperatura tropical; a brisa amena e o sol resplandecente levaram a melhor… Temporariamente.
Para os utentes dos transportes públicos, este rucuo da pluviosidade representa um autêntico armistício. Enquanto o Sol brilhar, o guarda-chuva, essa arma preta, não é desembainhado e fica guardado em casa, para gáudio de muitos.
Se é obrigatório uma licença para conduzir viaturas motorizadas, um porte para as armas de fogo, por que não se cria uma espécie de autorização para os guarda-chuvas? Tenho a certeza de que não sou a única vítima da negligência dos utilizadores deste objecto. A incúria começa logo na forma como se segura e transporta o guarda-chuva. Há os que o levam debaixo do braço, como se uma baguete se tratasse. É uma pose très jolie se não caminhassem com a extremidade aguçada, a baioneta, para trás. Um pequeno passo para trás ou uma mudança de direcção é o suficiente para atingir alguém. Touché!
Os que tacteiam o caminho com ele, à guisa de uma bengala, não são menos felizes. Ora espetam a extremidade na calçada, em bueiros ou em brechas, provocando uma paragem súbita e, consequentemente, um encontrão. O mais frequente é bicar o calçado dos transeuntes. Touché!
Mas o movimento mais perigoso de todos é o “fura olhos”. Pode ser ascendente, quando se abre o guarda-chuva, ou descendente, quando o mesmo é fechado. Há quem execute ambos alheio a tudo e todos. Simplesmente sacam da arma e toma lá disto! Quem estiver dentro do raio de acção das varetas que se proteja. Para tal, é forçoso ter bons reflexos porque o guarda-chuva, no estado inerte, é um pequeno cilindro com cerca de cinco centímetros de diâmetro, mas quando é activado, numa fracção de segundos ocupa uma superfície de 70 ou mais centímetros, quase um metro. É ou não é uma arma de fragmentação? Todavia, continua a ser vendido, escandalosamente, em todas esquinas.
Abaixo o guarda-chuva!