
... Fui despedido, dispensado, posto na rua...
Há leituras que são autênticos recontros. Quando a obra ascende às três ou mais centenas de páginas, ou é lida nos transportes públicos, na rua… a lombada e a capa começam a entumecer; outros livros têm descrições tão lânguidas como o método de acção (eleito) dos GOE: vencem o inimigo, neste caso o leitor, pelo cansaço; os tiques literários que cheiram a traques também são recorrentes nos escribas da moda. Basta ler, na diagonal, a contracapa ou as badanas para adivinhar o desfecho da história.
A primeira vez que participei numa caminhada “a sério”, daquelas que aparecem nos mapas, com percursos assinalados, distâncias e nível de dificuldade medidos, foi há pouco mais de três anos. Então, estava de férias em Fairbanks, uma cidade no coração do Alasca. Lembro-me que o programa de actividades para esse dia incluia uma caminhada de 12 ou 14 milhas numa zona montanhosa chamada Angel Rocks; seguido de uma ou duas horas nas termas de Chena, para relaxar depois do esforço dispendido. Se ainda tivesse tempo e disposição, Gary, o meu companheiro de caminhada, emprestava-me a arma que tinha no carro e fazíamos tiro ao alvo. Americanices!
Mais tarde descobri que aquela caminhada, segundo os guias turísticos, costuma ser feita em 5-6 horas. Eu e o Gary fizemo-la em 4 horas e vinte minutos! Além disso, devido ao esforço, o meu amigo americano mal se mexeu nesse dia. Só se levantou da cama para jantar. Eu não! Ainda tive energia para dar umas quantas voltas pela cidade, para ir às compras, etc.
Provavelmente, este bólide da Porsche vale mesmo os 72 mil euros. O que está em causa é a noção de “semana” para o st
and que, pelas minhas contas, já vai em 20 e tal dias.
Cometi uma extravagância! Não foi a primeira e espero ter saúde, tempo e “tempo” para muitas outras doidices.
Já se passou quase uma dezena de anos, mas ainda me lembro perfeitamente do asco que muitas pessoas sentiam em relação a um arrumador, toxicodependente, que subia e descia ruas de Almada. Era um fulano ausente, cambaleava à toa, com aspecto pestilento e era frequente vê-lo a discutir. Discutia com condutores – chegou, inclusive, a ser atropelado -, discutia com quem pass(e)ava, discutia com “colegas”... Nunca soube o seu nome, mas apenas a alcunha: piaçaba. Agora compreendo o motivo deste “nome de guerra”.
Os cartazes dizem que Almada está a um metro do futuro. Propaganda política! Quem vive em determinadas zonas desta cidade, sabe que o presente tem quilómetros de inconvenientes. Abundam paredes pixadas, vendedores (de fruta) ambulantes que conspurcam a zona ribeirinha, passeios sarapintados com dejectos de cão, trafica-se droga às claras e, agora, junta-se-lhe a mãe de todas as obras: o metro.