Monday, February 26, 2007
Friday, February 23, 2007
Locupletar
Há leituras que são autênticos recontros. Quando a obra ascende às três ou mais centenas de páginas, ou é lida nos transportes públicos, na rua… a lombada e a capa começam a entumecer; outros livros têm descrições tão lânguidas como o método de acção (eleito) dos GOE: vencem o inimigo, neste caso o leitor, pelo cansaço; os tiques literários que cheiram a traques também são recorrentes nos escribas da moda. Basta ler, na diagonal, a contracapa ou as badanas para adivinhar o desfecho da história.
Definitivamente, não é o caso de Umberto Eco. Para ler este autor tenho de estar imbuído num espírito próprio, concentrado e com vontade desmedida de aprender. Talvez por isso o meu primeiro assédio ao Pêndulo de Foucault, há cerca de três meses, saiu frustrado. Ainda não era a minha hora.
Na semana passada voltei a carga, mas com outro ímpeto. Não estou totalmente embrenhado na trama, mas estou lá quase e a adorar… Além de personagens brilhantes, como o obstinado Diotallevi, que se afirma judeu porque o seu sangue lhe diz que os seus pensamentos são refinadamente talmúdicos, contém numerosas passagens que são pérolas, como esta:
“Veremos. Mas o que tínhamos posto na Oximórica? Cá está, Instituições de Revolução, Dinâmica Parmenidaica, Estática Heraclitiana, Espartânica Sibarítica, Instituições da Oligarquia Popular, História das Tradições Inovadoras, Dialéctica Tautológica, Erística Booliana”.
Umberto faz eco na inteligência de qualquer leitor...
Definitivamente, não é o caso de Umberto Eco. Para ler este autor tenho de estar imbuído num espírito próprio, concentrado e com vontade desmedida de aprender. Talvez por isso o meu primeiro assédio ao Pêndulo de Foucault, há cerca de três meses, saiu frustrado. Ainda não era a minha hora.
Na semana passada voltei a carga, mas com outro ímpeto. Não estou totalmente embrenhado na trama, mas estou lá quase e a adorar… Além de personagens brilhantes, como o obstinado Diotallevi, que se afirma judeu porque o seu sangue lhe diz que os seus pensamentos são refinadamente talmúdicos, contém numerosas passagens que são pérolas, como esta:
“Veremos. Mas o que tínhamos posto na Oximórica? Cá está, Instituições de Revolução, Dinâmica Parmenidaica, Estática Heraclitiana, Espartânica Sibarítica, Instituições da Oligarquia Popular, História das Tradições Inovadoras, Dialéctica Tautológica, Erística Booliana”.
Umberto faz eco na inteligência de qualquer leitor...
Thursday, February 22, 2007
Caminhada 2.0
A primeira vez que participei numa caminhada “a sério”, daquelas que aparecem nos mapas, com percursos assinalados, distâncias e nível de dificuldade medidos, foi há pouco mais de três anos. Então, estava de férias em Fairbanks, uma cidade no coração do Alasca. Lembro-me que o programa de actividades para esse dia incluia uma caminhada de 12 ou 14 milhas numa zona montanhosa chamada Angel Rocks; seguido de uma ou duas horas nas termas de Chena, para relaxar depois do esforço dispendido. Se ainda tivesse tempo e disposição, Gary, o meu companheiro de caminhada, emprestava-me a arma que tinha no carro e fazíamos tiro ao alvo. Americanices!
No dia anterior, enquanto revíamos o trajecto, o Gary perguntou-me se eu estava em forma. Como costumo dizer, em forma estou sempre; posso é estar numa forma arrendondada. Porém, não era o caso. Nunca tive saúde de ferro nem corpo de deus grego, mas na altura andava poucos quilómetros todos os dias, praticava natação e ténis quase religiosamente. Gozava, pensava eu, alguma pujança fisica!
Os primeiros quilómetros foram “piece of cake”, bastante fáceis, apesar dos passos estugados do Gary que impunham um ritmo acelerado ao andamento. Só disparei a pergunta da praxe: “falta muito?”, quando me apercebi que o trajecto era invariavelmente ascendente. Não me queixei do tipo de solo, mais ou menos pedregoso e que constituia por si só um embaraço, mas desesperava e exasperava com as subidas!
Rapidamente, fiz com que o Gary deixasse de caminhar a toda a brida porque eu, a determinada altura, quase andava pé ante pé e resfolgava. Enquanto eu admirava a paisagem deslumbrante do Alasca, o sacripanta do Gary contemplava outro espectáculo: eu, o europeus fraquitus. Um mamífero omnívoro cujo habitat é, definitivamente, a planície.
Quando cheguei ao meu Gólgota, respirei de alívio… com os bofes de fora. Sabia que, a partir daquele ponto, os (muitos) quilómetros que ainda tinha pela frente, eram mais suaves e quase sempre a descer. Não obstante os perigos e o grau de inclinação, sempre tive uma relação muito boa com as descidas.
No fim da caminhada, olhei para as termas com a mesma sofreguidão com que um perdido no deserto olha para um oásis. Água, civilização, cadeiras, sombra, comida… tanta coisa boa ao meu alcance.
Mais tarde descobri que aquela caminhada, segundo os guias turísticos, costuma ser feita em 5-6 horas. Eu e o Gary fizemo-la em 4 horas e vinte minutos! Além disso, devido ao esforço, o meu amigo americano mal se mexeu nesse dia. Só se levantou da cama para jantar. Eu não! Ainda tive energia para dar umas quantas voltas pela cidade, para ir às compras, etc.
Não fiquei traumatizado, mas foi com alguma apreensão que voltei a fazer caminhadas.
É verdade que já andava a burilar esta ideia há alguns meses, mas sempre que pensava nas subidas, um arrepio gelado percorria-se-me a espinha. Como é normal nestas situações, só precisei de convite e de palavras de incentivo: “Vá lá! Isto não custa nada! Tu até estás em forma! Esta é muito acessível! “
Tanto gostei que já repeti a dose e pretendo continuar… Mesmo sabendo que, mais tarde ou mais cedo, hei-de apanhar umas subidas jeitosas.
No dia anterior, enquanto revíamos o trajecto, o Gary perguntou-me se eu estava em forma. Como costumo dizer, em forma estou sempre; posso é estar numa forma arrendondada. Porém, não era o caso. Nunca tive saúde de ferro nem corpo de deus grego, mas na altura andava poucos quilómetros todos os dias, praticava natação e ténis quase religiosamente. Gozava, pensava eu, alguma pujança fisica!
Os primeiros quilómetros foram “piece of cake”, bastante fáceis, apesar dos passos estugados do Gary que impunham um ritmo acelerado ao andamento. Só disparei a pergunta da praxe: “falta muito?”, quando me apercebi que o trajecto era invariavelmente ascendente. Não me queixei do tipo de solo, mais ou menos pedregoso e que constituia por si só um embaraço, mas desesperava e exasperava com as subidas!
Rapidamente, fiz com que o Gary deixasse de caminhar a toda a brida porque eu, a determinada altura, quase andava pé ante pé e resfolgava. Enquanto eu admirava a paisagem deslumbrante do Alasca, o sacripanta do Gary contemplava outro espectáculo: eu, o europeus fraquitus. Um mamífero omnívoro cujo habitat é, definitivamente, a planície.
Quando cheguei ao meu Gólgota, respirei de alívio… com os bofes de fora. Sabia que, a partir daquele ponto, os (muitos) quilómetros que ainda tinha pela frente, eram mais suaves e quase sempre a descer. Não obstante os perigos e o grau de inclinação, sempre tive uma relação muito boa com as descidas.
No fim da caminhada, olhei para as termas com a mesma sofreguidão com que um perdido no deserto olha para um oásis. Água, civilização, cadeiras, sombra, comida… tanta coisa boa ao meu alcance.
Mais tarde descobri que aquela caminhada, segundo os guias turísticos, costuma ser feita em 5-6 horas. Eu e o Gary fizemo-la em 4 horas e vinte minutos! Além disso, devido ao esforço, o meu amigo americano mal se mexeu nesse dia. Só se levantou da cama para jantar. Eu não! Ainda tive energia para dar umas quantas voltas pela cidade, para ir às compras, etc.
Não fiquei traumatizado, mas foi com alguma apreensão que voltei a fazer caminhadas.
É verdade que já andava a burilar esta ideia há alguns meses, mas sempre que pensava nas subidas, um arrepio gelado percorria-se-me a espinha. Como é normal nestas situações, só precisei de convite e de palavras de incentivo: “Vá lá! Isto não custa nada! Tu até estás em forma! Esta é muito acessível! “
Tanto gostei que já repeti a dose e pretendo continuar… Mesmo sabendo que, mais tarde ou mais cedo, hei-de apanhar umas subidas jeitosas.
Wednesday, February 21, 2007
Crise... económica, não de humor
A prova de que Almada é mesmo um mundo à parte é esta “promoção da semana”. Provavelmente, este bólide da Porsche vale mesmo os 72 mil euros. O que está em causa é a noção de “semana” para o stand que, pelas minhas contas, já vai em 20 e tal dias.
Uma centena e meia de metros à frente, outra loja tem afixado na montra um cartaz curioso: “aluga-se o próprio”. Que quererá dizer com isto?
Uma centena e meia de metros à frente, outra loja tem afixado na montra um cartaz curioso: “aluga-se o próprio”. Que quererá dizer com isto?
Friday, February 16, 2007
¡Olé!
Cometi uma extravagância! Não foi a primeira e espero ter saúde, tempo e “tempo” para muitas outras doidices.
Perante a minha actual situação do “ora fico, ora vou para o olho da rua!”, resolvi antecipar-me e ir mesmo para a rua… para as ruas de Pamplona durante as festas de San Fermin. Fundamentalismos à parte sobre onde acaba a tradição e começa a barbárie para com os animais, devo confessar que não gosto nem um pouco de tourada. Porém, desde que vi na televisão as largadas de touros, há muitos muitos anos, que aquelas imagens povoam o meu imaginário. Aquilo sim, é fiesta brava.
Comecei a reunir alguma informação sobre o encierro, a famosa largada de touros e, neste momento, estou a considerar a hipótese de entrar na corrida. Se o fizer, em que trecho participarei? No primeiro, logo o mais perigoso? No segundo, onde muitos animais (de duas e quatro patas) escorregam no piso e caem? No terceiro, que termina na praça de touros de Pamplona? Decidirei em Julho…
Por outro lado, a fiesta extravasa a corrida. A maioria das pessoas não arrisca o pescoço; diverte-se nas ruas, nas tabernas, convive, come, bebe, tira fotografias, faz tudo menos dormir... e eu sei porquê. Dormir numa cama em Pamplona nesta altura do ano custa, em média, 150 euros; mais do que eu paguei pela viagem de ida e volta. Isso não me assusta. Juntar-me-ei aos milhares de turistas de pé-descalço que dormem nos jardins e que afirmam ter a mãe Terra como colchão e o céu estrelado como tecto. Sempre é mais poético.
Independentemente da minha situação profissional em Julho, o primeiro fim-de-semana deste mês é para a loucura!
Perante a minha actual situação do “ora fico, ora vou para o olho da rua!”, resolvi antecipar-me e ir mesmo para a rua… para as ruas de Pamplona durante as festas de San Fermin. Fundamentalismos à parte sobre onde acaba a tradição e começa a barbárie para com os animais, devo confessar que não gosto nem um pouco de tourada. Porém, desde que vi na televisão as largadas de touros, há muitos muitos anos, que aquelas imagens povoam o meu imaginário. Aquilo sim, é fiesta brava.
Comecei a reunir alguma informação sobre o encierro, a famosa largada de touros e, neste momento, estou a considerar a hipótese de entrar na corrida. Se o fizer, em que trecho participarei? No primeiro, logo o mais perigoso? No segundo, onde muitos animais (de duas e quatro patas) escorregam no piso e caem? No terceiro, que termina na praça de touros de Pamplona? Decidirei em Julho…
Por outro lado, a fiesta extravasa a corrida. A maioria das pessoas não arrisca o pescoço; diverte-se nas ruas, nas tabernas, convive, come, bebe, tira fotografias, faz tudo menos dormir... e eu sei porquê. Dormir numa cama em Pamplona nesta altura do ano custa, em média, 150 euros; mais do que eu paguei pela viagem de ida e volta. Isso não me assusta. Juntar-me-ei aos milhares de turistas de pé-descalço que dormem nos jardins e que afirmam ter a mãe Terra como colchão e o céu estrelado como tecto. Sempre é mais poético.
Independentemente da minha situação profissional em Julho, o primeiro fim-de-semana deste mês é para a loucura!
Tuesday, February 13, 2007
O verdadeiro amigo do ambiente
Já se passou quase uma dezena de anos, mas ainda me lembro perfeitamente do asco que muitas pessoas sentiam em relação a um arrumador, toxicodependente, que subia e descia ruas de Almada. Era um fulano ausente, cambaleava à toa, com aspecto pestilento e era frequente vê-lo a discutir. Discutia com condutores – chegou, inclusive, a ser atropelado -, discutia com quem pass(e)ava, discutia com “colegas”... Nunca soube o seu nome, mas apenas a alcunha: piaçaba. Agora compreendo o motivo deste “nome de guerra”.
Poucos objectos são alvo de repugna como o incompreendido piaçaba. Na maior parte das ocasiões encontro-o incólume, como se fosse um adereço de cenário, encostado a um canto, apenas para encher a vista; outras vezes encontro-o exaurido, desgrenhado e com bocados de dejectos agarrados à escova… São raras as situações em que o vejo assim assim; denotando o mesmo uso assíduo que tem uma escova de dentes ou um sabonete.
Na hierarquia dos acessórios de casa de banho, o piaçaba ocupa o lugar mais baixo.
Isto permiti-me chegar à conclusão de que a maioria dos utentes das casas de banho (públicas) tem nojo do piaçaba. Eu sei que o dito cujo move-se em ambientes… fecais! Mas é apenas na extremidade cabeluda, o cabo encontra-se limpo. E se for usado devidamente, o receptáculo deste instrumento deixa de ter aspecto de fossa. Para tal, basta agitar (e não mexer, tipo James Bond) o piaçaba quando este ainda está imerso em água, na sanita, antes de o devolver à base ou suporte. Talvez seja por estas e por outras divagações escatológicas que, infelizmente, tanta boa gente prefere deixar a sanita suja, com recordações de refeições anteriores, ao invés de pegar no piaçaba para limpar a porcaria que fez.
Já assisti a autênticos atentados à saúde pública, capazes de arrancar soluços de vómito a qualquer cabra macho! E este comportamento é transversal à nossa sociedade. Não escolhe idade, sexo, estatuto social ou credo religioso.
A solução pode passar por aumentar a pressão da descarga de água, por uma dieta diferente… ou, melhor ainda, por um inspector sanitário. Quem suja, limpa!
Poucos objectos são alvo de repugna como o incompreendido piaçaba. Na maior parte das ocasiões encontro-o incólume, como se fosse um adereço de cenário, encostado a um canto, apenas para encher a vista; outras vezes encontro-o exaurido, desgrenhado e com bocados de dejectos agarrados à escova… São raras as situações em que o vejo assim assim; denotando o mesmo uso assíduo que tem uma escova de dentes ou um sabonete.
Na hierarquia dos acessórios de casa de banho, o piaçaba ocupa o lugar mais baixo.
Isto permiti-me chegar à conclusão de que a maioria dos utentes das casas de banho (públicas) tem nojo do piaçaba. Eu sei que o dito cujo move-se em ambientes… fecais! Mas é apenas na extremidade cabeluda, o cabo encontra-se limpo. E se for usado devidamente, o receptáculo deste instrumento deixa de ter aspecto de fossa. Para tal, basta agitar (e não mexer, tipo James Bond) o piaçaba quando este ainda está imerso em água, na sanita, antes de o devolver à base ou suporte. Talvez seja por estas e por outras divagações escatológicas que, infelizmente, tanta boa gente prefere deixar a sanita suja, com recordações de refeições anteriores, ao invés de pegar no piaçaba para limpar a porcaria que fez.
Já assisti a autênticos atentados à saúde pública, capazes de arrancar soluços de vómito a qualquer cabra macho! E este comportamento é transversal à nossa sociedade. Não escolhe idade, sexo, estatuto social ou credo religioso.
A solução pode passar por aumentar a pressão da descarga de água, por uma dieta diferente… ou, melhor ainda, por um inspector sanitário. Quem suja, limpa!
Thursday, February 08, 2007
Teoria da relatividade
Os cartazes dizem que Almada está a um metro do futuro. Propaganda política! Quem vive em determinadas zonas desta cidade, sabe que o presente tem quilómetros de inconvenientes. Abundam paredes pixadas, vendedores (de fruta) ambulantes que conspurcam a zona ribeirinha, passeios sarapintados com dejectos de cão, trafica-se droga às claras e, agora, junta-se-lhe a mãe de todas as obras: o metro.
Durante um ou dois anos este empecilho mordeu os calcanhares (do centro) da cidade, ficando às portas como um invasor indesejado. No entanto, o assédio levou a melhor e a construção do metro já arrancou calçadas e asfalto a escassos metros da minha casa, tornando a circulação de peões e de viaturas um verdadeiro quebra-cabeças.
Se em circunstâncias normais, o estacionamento me obriga(va) a palmilhar ruas, pracetas e becos antes de encontrar um cantinho, o que direi agora… Mas este meio de transporte, mais democrático e amigo do ambiente, segundo os seus promotores, trouxe mais novidades: Noventa ou mais por cento dos estacionamentos públicos disponíveis da minha freguesia foram transformado em lugares para residentes. Sim, sou residente, mas para o provar é necessário tratar da papelada. Tenho de me deslocar à junta de freguesia, meter-me em bichas, lidar com o típico civismo lusitano no que toca às bichas, e apresentar a seguinte documentação:
Bilhete de identidade
Carta de condução
Cartão de eleitor
Registo de propriedade
Cartão de contribuinte
Seguro automóvel
Recibo do imposto de selo
A carta remetida pelo ministério das finanças com a liquidação do IRS
E ainda a documentação respeitante à inspecção obrigatória
A base de dados que sairá deste imbroglio valerá uma pequena fortuna… em certas mãos. Mas estou confiante de que as intenções da empresa responsável pela gestão do parqueamento público são as melhores do mundo. Afinal, tudo se passa em Almada de Leste e a firma chama-se Ecalma... Para eles, não para mim!
Durante um ou dois anos este empecilho mordeu os calcanhares (do centro) da cidade, ficando às portas como um invasor indesejado. No entanto, o assédio levou a melhor e a construção do metro já arrancou calçadas e asfalto a escassos metros da minha casa, tornando a circulação de peões e de viaturas um verdadeiro quebra-cabeças.
Se em circunstâncias normais, o estacionamento me obriga(va) a palmilhar ruas, pracetas e becos antes de encontrar um cantinho, o que direi agora… Mas este meio de transporte, mais democrático e amigo do ambiente, segundo os seus promotores, trouxe mais novidades: Noventa ou mais por cento dos estacionamentos públicos disponíveis da minha freguesia foram transformado em lugares para residentes. Sim, sou residente, mas para o provar é necessário tratar da papelada. Tenho de me deslocar à junta de freguesia, meter-me em bichas, lidar com o típico civismo lusitano no que toca às bichas, e apresentar a seguinte documentação:
Bilhete de identidade
Carta de condução
Cartão de eleitor
Registo de propriedade
Cartão de contribuinte
Seguro automóvel
Recibo do imposto de selo
A carta remetida pelo ministério das finanças com a liquidação do IRS
E ainda a documentação respeitante à inspecção obrigatória
A base de dados que sairá deste imbroglio valerá uma pequena fortuna… em certas mãos. Mas estou confiante de que as intenções da empresa responsável pela gestão do parqueamento público são as melhores do mundo. Afinal, tudo se passa em Almada de Leste e a firma chama-se Ecalma... Para eles, não para mim!
Subscribe to:
Posts (Atom)