Friday, February 23, 2007

Locupletar

Há leituras que são autênticos recontros. Quando a obra ascende às três ou mais centenas de páginas, ou é lida nos transportes públicos, na rua… a lombada e a capa começam a entumecer; outros livros têm descrições tão lânguidas como o método de acção (eleito) dos GOE: vencem o inimigo, neste caso o leitor, pelo cansaço; os tiques literários que cheiram a traques também são recorrentes nos escribas da moda. Basta ler, na diagonal, a contracapa ou as badanas para adivinhar o desfecho da história.
Definitivamente, não é o caso de Umberto Eco. Para ler este autor tenho de estar imbuído num espírito próprio, concentrado e com vontade desmedida de aprender. Talvez por isso o meu primeiro assédio ao Pêndulo de Foucault, há cerca de três meses, saiu frustrado. Ainda não era a minha hora.
Na semana passada voltei a carga, mas com outro ímpeto. Não estou totalmente embrenhado na trama, mas estou lá quase e a adorar… Além de personagens brilhantes, como o obstinado Diotallevi, que se afirma judeu porque o seu sangue lhe diz que os seus pensamentos são refinadamente talmúdicos, contém numerosas passagens que são pérolas, como esta:
“Veremos. Mas o que tínhamos posto na Oximórica? Cá está, Instituições de Revolução, Dinâmica Parmenidaica, Estática Heraclitiana, Espartânica Sibarítica, Instituições da Oligarquia Popular, História das Tradições Inovadoras, Dialéctica Tautológica, Erística Booliana”.
Umberto faz eco na inteligência de qualquer leitor...

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