O que é que a estação de caminhos-de-ferro de Braga tem de especial? Kiss'n'ride!
Não sei o que é, mas prefiro continuar assim, na ignorância, e imaginar um serviço à guisa de Las Vegas.
Friday, September 05, 2008
Friday, August 22, 2008
Tanto barulho por nada
Acicataram a opinião pública, foram zurzidos e achincalhados porque querem ficar na caminha, porque não se dão com competições daquelas, porque temem as adversárias, porque desistem, porque bater recordes nacionais é insuficiente, porque falam, porque foram fazer turismo, porque isto e porque aquilo... O importante é trazer medalhas para casa.
O objectivo, em parte, foi atingido e a atenção prestada pelo Record, imprensa da especialidade, é o que se vê: uma "tripa" na primeira página.
O objectivo, em parte, foi atingido e a atenção prestada pelo Record, imprensa da especialidade, é o que se vê: uma "tripa" na primeira página.
Friday, August 15, 2008
Thursday, August 07, 2008
Um partido por inteiro
O país está mal… grassa a crise económica, de ideias e, para muita gente, de valores, mas pelos vistos, ainda há lugar para mais uns quantos. Chama(m)-se "MMS", Movimento Mérito e Sociedade, e são diferentes, dizem eles. Apregoam o rigor financeiro, a transparência, o mérito e a responsabilidade. Onde é que eu já ouvi isto?
Não são de esquerda nem de direita; o MMS não se revê nessa lateralidade porque é um partido da frente.
Fico mais descansado. Se fosse um partido da diagonal o caso era grave.
Não são de esquerda nem de direita; o MMS não se revê nessa lateralidade porque é um partido da frente.
Fico mais descansado. Se fosse um partido da diagonal o caso era grave.
Wednesday, August 06, 2008
Metropolis
Na semana passada, estava eu entregue aos meus pensamentos e a apagar algumas das centenas de mensagens antigas que guardo na minha caixa de correio electrónico – às vezes, tenho a sensação de que se reproduzem às minhas escondidas - quando reparo na entrada de uma colega. Estava visivelmente pertubada, cabisbaixa, tinha os olhos vermelhos e a voz embargava com alguma frequência. O seu estado, físico e de alma, devia-se ao desaparecimento da sua mascote, um daqueles cães de raça xpto, na noite anterior. Ela e o marido bateram a zona em busca do bicho, fizeram e colaram cartazes em sítios estratégicos, contactaram canis, a Polícia, instituições, etc., foi uma espécie de Maddie em versão animal.
O seu sofrimento um pouco atroz e a lassidão que demonstrava todas as manhãs durou exactamente oito dias.
O cão foi recolhido por um bom samaritano, também amante de animais, que teve a gentileza de procurar o dono. Um animal de tal porte e pedigree não podia ser vadio. Tudo está bem quando acaba bem.
Hoje, reparo numa notícia espantosa. Cientistas da Coreia do Sul clonaram um cão de estimação pela primeira vez. Foi um trabalho de encomenda, solicitado e financiado por uma norte-americana. Lembrei-me imediatamente do filme 6.º Dia, protagonizado pelo Governador da California, Arnold Schwarzenegger. Não é uma obra brilhante, mas levanta algumas questões éticas pertinentes. Até onde os cientistas estão dispostos a ir?
O seu sofrimento um pouco atroz e a lassidão que demonstrava todas as manhãs durou exactamente oito dias.
O cão foi recolhido por um bom samaritano, também amante de animais, que teve a gentileza de procurar o dono. Um animal de tal porte e pedigree não podia ser vadio. Tudo está bem quando acaba bem.
Hoje, reparo numa notícia espantosa. Cientistas da Coreia do Sul clonaram um cão de estimação pela primeira vez. Foi um trabalho de encomenda, solicitado e financiado por uma norte-americana. Lembrei-me imediatamente do filme 6.º Dia, protagonizado pelo Governador da California, Arnold Schwarzenegger. Não é uma obra brilhante, mas levanta algumas questões éticas pertinentes. Até onde os cientistas estão dispostos a ir?
Andy Warhol
Se fosse vivo, hoje celebraria o octagésimo aniversário... O seu legado é indiscutível, mas prefiro Roy Lichtenstein.
Tuesday, August 05, 2008
Reality show para estilistas
Philippe Starck, provavelmente o designer mais famoso da actualidade, e o canal BBC2 vão estrear em Setembro, a julgar pela data limite de inscrição, 22 de Agosto, um reality show para os aspirantes a designers: School of Design.
Dez mentes criativas, seleccionadas entre milhares de estilosos, terão o privilégio de trabalhar durante meses na escola deste Da Vinci do design, em Paris. Após o fim da série de programas, o vencedor, caso aceite o convite, passará a fazer parte da "tribo" de Starck… com um contrato de seis meses; se é renovável ou a recibo verde só o sr. Starck é que sabe!
Dez mentes criativas, seleccionadas entre milhares de estilosos, terão o privilégio de trabalhar durante meses na escola deste Da Vinci do design, em Paris. Após o fim da série de programas, o vencedor, caso aceite o convite, passará a fazer parte da "tribo" de Starck… com um contrato de seis meses; se é renovável ou a recibo verde só o sr. Starck é que sabe!
A vingança do capitalismo
Líder, revolucionário, sonhador, guerrilheiro… Ernesto Guevara de la Sena, vulgo Che Guevara, deve estrebuchar no além sempre que vê o seu rosto estampado numa t-shirt, num porta-chaves ou numa caneca como um vulgar produto de merchandising.
De todas as "afrontas" que já vi, a mais original veio da How2work Toys, que produziu uma action figure, um boneco, do famoso revolucionário argentino.
A figura tem 30,5 centímetros de altura e inclui um charuto cubano, bóina e pistola.
Che(ga a dar vontade de rir)!
De todas as "afrontas" que já vi, a mais original veio da How2work Toys, que produziu uma action figure, um boneco, do famoso revolucionário argentino.
A figura tem 30,5 centímetros de altura e inclui um charuto cubano, bóina e pistola.
Che(ga a dar vontade de rir)!
Monday, August 04, 2008
It's full of stars!
Há quase dez anos, a minha "cromice" pela ficção científica, levou-me a participar num encontro de fãs do Star Trek, em Cascais. Conhecendo o ânimo contido e o bom senso dos portugueses neste tipo de coisas, imaginei um pequeno grupo de entusiastas, "normais", dispostos a trocar ideias e DVDs… pirateados!
Em circunstância alguma imaginei algo semelhantes às convenções norte-americanas, onde os fãs quase elevam as suas séries de eleição à categoria de religião.
Cascais. Mal conheço esta vila, mas as indicações que me haviam dado eram excelentes, verdadeiramente à prova de desorientados. Rapidamente dei com o ponto de encontro, uma loja especializada em BD, filmes, kits, posters, action figures, merchandising diverso… um paraíso para crianças de todas as idades e um inferno para quem compra os brinquedos a essas crianças.
Quando transponho a porta, tal não é o meu espanto quando vejo uma jovem balzaquiana maquilhada da trill Jadzia Dax; uma personagem extraterrestre, idêntica aos humanos, com o pescoço e as orelhas pintalgadas, enfim, tiques da FC de consumo imediato.
Bem, pensei eu para os meus botões, ela é fã dos pés à cabeça, faz jus ao neologismo americano "trekker". Em menos de meia hora juntaram-se-lhe três ou quatro fãs, também vestidos a rigor com a farda da(s) série(s) e ainda traziam acessórios.
Senti-me um veraneante vestido numa praia de nudistas. O estranho, o maluco, o deslocado naquela sala era eu! Trocámos ideias e falámos de trivialidades relacionadas com o universo da "nossa" série, Star Trek.
Pouco depois, confesso que me senti incomodado quando saímos para almoçar. Atravessar Cascais na companhia de "malucos" com roupas bizarras não estava nos meus planos quando saí de casa, mas fi-lo… com alguma cobardia porque, de quando em quando, deixava-me ficar para trás como quem diz "Eu não estou com eles!". Naturalmente, não nos livrámos de ouvir alguns comentários jocosos na rua e no restaurante.
Não fiquei traumatizado nem passei a gostar menos de FC por causa disso. Entre as muitas frases feitas que servem de corolário a determinadas situações, há uma que diz que a arte/ficção imita a vida/realidade. Se quisermos fazer o contrário, é preferível realizá-lo numa terça-feira, 47 dias antes da Páscoa.
Outro episódio, bem mais recente, relacionado com a FC teve lugar na sexta-feira passada, no Observatório Astronómico de Lisboa, onde contemplei, pela primeira vez, vários corpos celestes com o auxílio de um telescópio. Vi Júpiter, enxames de estrelas, a M57 e outros objectos astronómicos referenciados no catálogo de Messier.
Quando reparei nos telescópios postos à disposição do público, fiquei impressionado pelo tamanho e robustez dos mesmos. Pintei na mente telas deslumbrantes do cosmos, dos fenómenos que fizeram parte do meu imaginário; nebulosas, nuvens de gás, satélites, as crateras da Lua, os rios de Marte… As minhas expectivas, já de si altas, cavalgaram quando ouvi as características dos aparelhos ópticos: lente "x" com espelho "y", equipado com motor "z" para acompanhar o movimento da Terra, etc. e tal. Uau!
Chegada a minha vez de espreitar pelo telescópio não quis acreditar no que estava a ver. Estaria a minha retina a enviar os sinais correctos para o cérebro? Não seria melhor tirar os óculos… focar a lente? Mas não. Aqueles salpicos brilhantes, que para um leigo se poderiam confundir com riscos na lente, eram a M57.
Senti uma espécie de desilusão, estava intoxicado pela FC, mas, como se costuma dizer, caí em mim e na realidade. Apesar de tudo, a experiência foi "espacial". Em pouco mais de duas horas descobri imenso sobre a Terra e (re)aprendi a observar o espaço.
Nunca me senti tão pequeno…
Obrigado, Ciência Viva.
Em circunstância alguma imaginei algo semelhantes às convenções norte-americanas, onde os fãs quase elevam as suas séries de eleição à categoria de religião.
Cascais. Mal conheço esta vila, mas as indicações que me haviam dado eram excelentes, verdadeiramente à prova de desorientados. Rapidamente dei com o ponto de encontro, uma loja especializada em BD, filmes, kits, posters, action figures, merchandising diverso… um paraíso para crianças de todas as idades e um inferno para quem compra os brinquedos a essas crianças.
Quando transponho a porta, tal não é o meu espanto quando vejo uma jovem balzaquiana maquilhada da trill Jadzia Dax; uma personagem extraterrestre, idêntica aos humanos, com o pescoço e as orelhas pintalgadas, enfim, tiques da FC de consumo imediato.
Bem, pensei eu para os meus botões, ela é fã dos pés à cabeça, faz jus ao neologismo americano "trekker". Em menos de meia hora juntaram-se-lhe três ou quatro fãs, também vestidos a rigor com a farda da(s) série(s) e ainda traziam acessórios.
Senti-me um veraneante vestido numa praia de nudistas. O estranho, o maluco, o deslocado naquela sala era eu! Trocámos ideias e falámos de trivialidades relacionadas com o universo da "nossa" série, Star Trek.
Pouco depois, confesso que me senti incomodado quando saímos para almoçar. Atravessar Cascais na companhia de "malucos" com roupas bizarras não estava nos meus planos quando saí de casa, mas fi-lo… com alguma cobardia porque, de quando em quando, deixava-me ficar para trás como quem diz "Eu não estou com eles!". Naturalmente, não nos livrámos de ouvir alguns comentários jocosos na rua e no restaurante.
Não fiquei traumatizado nem passei a gostar menos de FC por causa disso. Entre as muitas frases feitas que servem de corolário a determinadas situações, há uma que diz que a arte/ficção imita a vida/realidade. Se quisermos fazer o contrário, é preferível realizá-lo numa terça-feira, 47 dias antes da Páscoa.
Outro episódio, bem mais recente, relacionado com a FC teve lugar na sexta-feira passada, no Observatório Astronómico de Lisboa, onde contemplei, pela primeira vez, vários corpos celestes com o auxílio de um telescópio. Vi Júpiter, enxames de estrelas, a M57 e outros objectos astronómicos referenciados no catálogo de Messier.
Quando reparei nos telescópios postos à disposição do público, fiquei impressionado pelo tamanho e robustez dos mesmos. Pintei na mente telas deslumbrantes do cosmos, dos fenómenos que fizeram parte do meu imaginário; nebulosas, nuvens de gás, satélites, as crateras da Lua, os rios de Marte… As minhas expectivas, já de si altas, cavalgaram quando ouvi as características dos aparelhos ópticos: lente "x" com espelho "y", equipado com motor "z" para acompanhar o movimento da Terra, etc. e tal. Uau!
Chegada a minha vez de espreitar pelo telescópio não quis acreditar no que estava a ver. Estaria a minha retina a enviar os sinais correctos para o cérebro? Não seria melhor tirar os óculos… focar a lente? Mas não. Aqueles salpicos brilhantes, que para um leigo se poderiam confundir com riscos na lente, eram a M57.
Senti uma espécie de desilusão, estava intoxicado pela FC, mas, como se costuma dizer, caí em mim e na realidade. Apesar de tudo, a experiência foi "espacial". Em pouco mais de duas horas descobri imenso sobre a Terra e (re)aprendi a observar o espaço.
Nunca me senti tão pequeno…
Obrigado, Ciência Viva.
Friday, August 01, 2008
À borla! Grátis! Ofertas!
2as, 4as, 6as, sábados e domingos no DN e 6as-feiras no Público são dias do livro... Sem custos adicionais!
Kafka, Boccaccio, Tchekov, Voltaire, Tolstoi e Poe são apenas alguns dos autores que figuram nestas colecções.
A iniciativa é boa, mas eu dispenso porque o que não me falta em casa é papel! Além disso, não há meio de acabar de ler a colecção Novis, também de clássicos, distribuída pela Visão há um (hor)ror de anos.
Estou no número 20, com "O Vermelho e o negro", de Stendhal, que se conhecesse esta edição concerteza escolheria o título, "O Vermelho e as letras miúdas num papel amarelado"...
Kafka, Boccaccio, Tchekov, Voltaire, Tolstoi e Poe são apenas alguns dos autores que figuram nestas colecções.
A iniciativa é boa, mas eu dispenso porque o que não me falta em casa é papel! Além disso, não há meio de acabar de ler a colecção Novis, também de clássicos, distribuída pela Visão há um (hor)ror de anos.
Estou no número 20, com "O Vermelho e o negro", de Stendhal, que se conhecesse esta edição concerteza escolheria o título, "O Vermelho e as letras miúdas num papel amarelado"...
Atravessar o Tejo
Estamos na primeira década do século XXI. Toda a Europa é controlada por leis anti-tabaco...
Toda? Não! Uma empresa de transportes públicos povoada por irredutíveis funcionários ainda resiste à Lei. E a vida não é nada fácil para os utentes desta firma que trabalham em Lisboa, Oeiras, Amadora...
Curiosamente, anos antes de conhecermos tais leis, nas salas de espera desta empresa, ocasionalmente, era proibido fumar. O rigor desta regra dependia do vigilante de serviço. Estavam à frente do seu tempo, porém, tal como bem prega Frei Tomás, faz o que ele diz, não faças o que ele faz, o regulamento aplicava-se única e exclusivamente aos utentes, já que os da "casa" fumavam e fumam copiosamente. Tanto que, a escassas semanas da lei entrar em vigor, era vulgar ver funcionários fechados nos guichés a fumar ao mesmo tempo que atendiam clientes. Na certa, davam uma "passa" por cada "x" bilhetes vendidos!
Não é nenhuma visão dantesca, mas estes aquários de fumo são mais próprios dos filmes americanos dos anos 40 e 50 do século passado do que de uma empresa que se diz moderna.
Ainda hoje, mesmos nos dias de maior azáfama, quando o vício ou o stress aperta, alguns funcionários abandonam temporariamente o seu posto para ir à rua queimar um "Garrett". Quem não acha piada são as pessoas que ficam na fila...
Mas os verdadeiros irredutíveis são os marinheiros. Esses sim, são homens de fibra, e não abandonaram anos de tradição - e a rapaziada nova que chega, segue-lhe as pisadas - só porque uns senhores em S. Bento se lembraram que era melhor fazer assim do que assado. Apesar de ser proibido fumar nas instalações da empresa, eles, só porque estão ao ar livre, não se coíbem de o fazer com a maior das naturalidades. E se entretanto é preciso atracar uma embarcação, não se atrapalham nem um pouco. Uma mão segura o cigarro enquanto a outra chega e sobra para receber a amarra e prendê-la ao cabeço. Os menos destros levam o cigarrinho à boca para ficar com ambas as mãos livres. É tudo uma questão de atitude no trabalho.
Thursday, July 31, 2008
Mais do mesmo
Desliguem os vossos televisores e fujam de casa porque o "Justiceiro" está de volta! Aquele "bijou" que era o Kitt e o melífluo do Michael Knight vão, mais uma vez, poluir o éter com as suas (des)venturas.
Os norte-americanos receberam a "anestesia" em Fevereiro, na forma de um telefilme produzido pela NBC; como a droga surtiu o efeito desejado na audiência, vem aí a dose cavalar que é a série, programada para Setembro... Já a imagino na RTP, infelizmente às nossas custas! Mal por mal, a RTP não podia trocá-la pelo "Duarte & Companhia", como os clubes de futebol fazem com os jogadores?
Está aqui o link da desgraça...
http://www.youtube.com/watch?v=j5Gs6f5pb5s
Wednesday, July 30, 2008
Arte brilhante
Monday, April 21, 2008
Friday, April 18, 2008
Thursday, April 17, 2008
Um português no Pólo Norte com um Robocop religioso
Continuação...
Entrámos no quarto e a minha amiga apontou para os puxadores das gavetas, e para um outro objecto, onde poderiam estar depositadas impressões digitais. O agente fitou-nos e disse — A realidade é diferente do CSI — num tom sóbrio, sem ponta de escárnio ou de enfado.
Esta cena passou-me completamente ao lado. Cê quê?! E que história é aquela sobre a realidade? Provavelmente, o problema é meu. Percebi mal, mas hei-de desfazer esta confusão.
O polícia ausentou-se por dois ou três minutos, tempo suficiente para ir ao carro buscar material de apoio, e quando regressou trazia consigo uma caixa semelhante às utilizadas para transportar equipamento fotográfico; de seguida abriu a caixa, que continha vários "gadgets" também impecavelmente limpos e arrumados como se tivessem sido fabricados por medida para aquele estojo metálico, e avisou que o produto usado para realçar impressões digitais, um pó em tons de azul, poderia deixar marcas indeléveis na mobília, ou onde fosse aplicado. A minha amiga concordou com o procedimento, mas o resultado, apenas uma impressão parcial e esborratada, foi improdutivo.
Lá fora, o mundo continuava inseguro com mais uns amigos do alheio à solta, ou então tratou-se de uma partida de mau gosto pregada por alunos descontentes com a nota em matemática. Esta última hipótese foi levada seriamente em consideração, e deu origem a outra história que hei-de contar numa futura oportunidade.
Voltámos à sala, mais conformados do que cabisbaixos porque já imaginávamos um desfecho semelhante e trocámos algumas palavras em jeito de despedida. Eu disse ao agente de onde vinha e a minha nacionalidade e desculpei-me pelo meu mau, ou assim-assim, inglês, mas ele asseverou-me que o meu inglês era bom. Inglês mal falado era o que ele tinha ouvido na sua breve estada no Japão. Eles sim, é que falavam um inglês imperceptível. Perante esta bitola já não me recordo se me senti lisonjeado ou diminuído.
Momentos depois, a minha amiga teve o seu momento de argúcia detectivesca quando perguntou ao polícia se ele, por acaso, não vivia em tal parte numa comunidade mórmon. Isto porque ela já tinha tido a oportunidade, e honra, acrescentou, de ter leccionados tais alunos na escola do Pólo Norte – refiro-me ao nome d(e um)a cidade, não ao outro Pólo – e reconheceu nele a mesma gentileza e a boa educação. Bingo!
Bem, lá polido era ele, mas aquilo soou-me a eufemismo para maneirismos.
Enfim... Só quando o Robocop saiu de cena é que me lembrei do tal cê qualquer coisa, que afinal era CSI. CSI é acrónimo de Crime Scene Investigation; uma série de televisão que acompanha as investigações de uma equipa de técnicos forenses da polícia de Las Vegas. Dito desta forma é um tanto ou quanto sensaborão. É preciso ver a série, tal como se costuma dizer quando a situação assim o exige, "entrar no espírito da coisa". E eu entrei ou, ainda melhor, fui possuído!
Não é caso para menos, já que somos arrebatados por uma força policial equipada com engenhocas tão sofisticadas que, quando apanha uma unha do chão, é capaz de descobrir que número calça o ex-proprietário da unha, a sua altura, o tipo de alimentação, alguns hábitos de higiene, onde vive ou passa a maior parte do tempo, que instrumento foi utilizado para o procedimento e a que horas teve lugar, por onde passou o dedo... patiti, patatá. E depois há planos cinematográficos originais que acompanham o raciocínio infalível dos agentes/cientistas. Fazem-se reconstituições em grande plano dos últimos segundos de vida da unha agarrada ao dedo; um raio laser descreve a trajectória da unha desde o dedo até ao chão, sem esquecer o(s) ricochete(s) quando o(s) há.
Num mundo perfeito a vida é assim. Tudo encaixa na perfeição, não há falhas. Os maus são punidos e os que escapam ao braço da lei, arriscam-se a ser castigados num próximo episódio ou roem-se de remorsos. Na realidade, tudo o que a minha amiga ganhou foi um móvel sujo e um sentimento de desconfiança em relação a certos alunos cábulas.
Entrámos no quarto e a minha amiga apontou para os puxadores das gavetas, e para um outro objecto, onde poderiam estar depositadas impressões digitais. O agente fitou-nos e disse — A realidade é diferente do CSI — num tom sóbrio, sem ponta de escárnio ou de enfado.
Esta cena passou-me completamente ao lado. Cê quê?! E que história é aquela sobre a realidade? Provavelmente, o problema é meu. Percebi mal, mas hei-de desfazer esta confusão.
O polícia ausentou-se por dois ou três minutos, tempo suficiente para ir ao carro buscar material de apoio, e quando regressou trazia consigo uma caixa semelhante às utilizadas para transportar equipamento fotográfico; de seguida abriu a caixa, que continha vários "gadgets" também impecavelmente limpos e arrumados como se tivessem sido fabricados por medida para aquele estojo metálico, e avisou que o produto usado para realçar impressões digitais, um pó em tons de azul, poderia deixar marcas indeléveis na mobília, ou onde fosse aplicado. A minha amiga concordou com o procedimento, mas o resultado, apenas uma impressão parcial e esborratada, foi improdutivo.
Lá fora, o mundo continuava inseguro com mais uns amigos do alheio à solta, ou então tratou-se de uma partida de mau gosto pregada por alunos descontentes com a nota em matemática. Esta última hipótese foi levada seriamente em consideração, e deu origem a outra história que hei-de contar numa futura oportunidade.
Voltámos à sala, mais conformados do que cabisbaixos porque já imaginávamos um desfecho semelhante e trocámos algumas palavras em jeito de despedida. Eu disse ao agente de onde vinha e a minha nacionalidade e desculpei-me pelo meu mau, ou assim-assim, inglês, mas ele asseverou-me que o meu inglês era bom. Inglês mal falado era o que ele tinha ouvido na sua breve estada no Japão. Eles sim, é que falavam um inglês imperceptível. Perante esta bitola já não me recordo se me senti lisonjeado ou diminuído.
Momentos depois, a minha amiga teve o seu momento de argúcia detectivesca quando perguntou ao polícia se ele, por acaso, não vivia em tal parte numa comunidade mórmon. Isto porque ela já tinha tido a oportunidade, e honra, acrescentou, de ter leccionados tais alunos na escola do Pólo Norte – refiro-me ao nome d(e um)a cidade, não ao outro Pólo – e reconheceu nele a mesma gentileza e a boa educação. Bingo!
Bem, lá polido era ele, mas aquilo soou-me a eufemismo para maneirismos.
Enfim... Só quando o Robocop saiu de cena é que me lembrei do tal cê qualquer coisa, que afinal era CSI. CSI é acrónimo de Crime Scene Investigation; uma série de televisão que acompanha as investigações de uma equipa de técnicos forenses da polícia de Las Vegas. Dito desta forma é um tanto ou quanto sensaborão. É preciso ver a série, tal como se costuma dizer quando a situação assim o exige, "entrar no espírito da coisa". E eu entrei ou, ainda melhor, fui possuído!
Não é caso para menos, já que somos arrebatados por uma força policial equipada com engenhocas tão sofisticadas que, quando apanha uma unha do chão, é capaz de descobrir que número calça o ex-proprietário da unha, a sua altura, o tipo de alimentação, alguns hábitos de higiene, onde vive ou passa a maior parte do tempo, que instrumento foi utilizado para o procedimento e a que horas teve lugar, por onde passou o dedo... patiti, patatá. E depois há planos cinematográficos originais que acompanham o raciocínio infalível dos agentes/cientistas. Fazem-se reconstituições em grande plano dos últimos segundos de vida da unha agarrada ao dedo; um raio laser descreve a trajectória da unha desde o dedo até ao chão, sem esquecer o(s) ricochete(s) quando o(s) há.
Num mundo perfeito a vida é assim. Tudo encaixa na perfeição, não há falhas. Os maus são punidos e os que escapam ao braço da lei, arriscam-se a ser castigados num próximo episódio ou roem-se de remorsos. Na realidade, tudo o que a minha amiga ganhou foi um móvel sujo e um sentimento de desconfiança em relação a certos alunos cábulas.
Monday, April 07, 2008
Elementar, caro telespectador!
A primeira vez que ouvi falar no CSI foi, creio, há quatro anos. Encontrava-me de férias, no estrangeiro, em casa de uma amiga cuja casa tinha acabado de ser assaltada. Ao ver (mos) que a porta e a fechadura haviam sido forçadas, ela foi buscar a réplica de uma espada medieval à garagem, passou-ma para as mãos – aquilo pesava uma tonelada! - e mandou-me entrar em casa, à frente.
Pensei cá para os meus botões: "E se me dão um tiro? Isto é só malucos com armas!".
As feras que ela tinha em casa, dois ou três pequenos e barulhentos animais, vulgarmente conhecidos por "cães a pilhas", não demoveram os prepetradores, mas os latidos que nos chegavam do outro lado da porta podiam ser ganidos; os bichinhos, provavelmente maltratados pelos patifes, podiam precisar da nossa ajuda. Enchi-me de coragem, que é como quem diz esvaziei a mente, e entrei.
Resultado: os cães estavam bem e aparentemente não levaram objectos de valor nem danificaram o interior da casa. Limitaram-se a forçar a entrada da mesma, abriram e remexeram nas gavetas da cómoda do quarto de dormir e piram-se pelas traseiras.
Refeita do susto, a minha amiga telefonou à família e comunicou o episódio às autoridades policiais.
Dez minutos mais tarde somos surpreendidos pelo filho dela que entra esbaforido em casa, trazendo uma pistola na algibeira do casaco, a perguntar por "eles". Este impetuoso mal tem tempo para se acalmar e descansar porque é interrompido pela chegada da polícia. Como criminosos à vista não havia e ele era o único armado, em quê é que não sei, naquela casa, o jovem preferiu sair de cena… também pelas traseiras.
Entra o polícia - isto já parece uma peça de teatro – que naquelas bandas se chama state trooper. Era um tipo jovem, alto e espadaúdo. Rijo de formas e de feições. Vestia uma farda impecavelmente limpa e engomada, encimada por um chapéu idêntico aos da polícia-montada do Canadá. Mal entra, identifica-se e, como ditam as regras da boa educação, tira o chapéu e coloca-o delicadamente em cima de uma poltrona. Impressionante. Nenhuma nódoa, vinco fora do sítio ou pêlo maculava o chapéu.
Porém, este objecto estranho despertou a atenção do nosso melhor amigo, isto é, de três dos nossos melhores amigos, que desatam a cheirá-lo e a empurrá-lo, ainda que devagar, com a cabeça. O fleuma impertubável do polícia sofreu um sismo para aí de cinco e picos na escala de Richter. A partir daqui, o agente havia de dividir a sua atenção entre a nossa segurança e a do seu chapéu, não fossem os canitos fincar os dentes naquele símbolo de poder.
Quando se sentiu mais à vontade, lançou um segundo olhar analítico à casa enquanto calçava calmamente umas luvas de látex. A minha amiga narrou com pormenor os acontecimentos da última meia-hora, omitindo a parte do filho armado, e disse ao agente que não tínhamos tocado em nada. A cena do crime estava intacta!
(continua...)
Pensei cá para os meus botões: "E se me dão um tiro? Isto é só malucos com armas!".
As feras que ela tinha em casa, dois ou três pequenos e barulhentos animais, vulgarmente conhecidos por "cães a pilhas", não demoveram os prepetradores, mas os latidos que nos chegavam do outro lado da porta podiam ser ganidos; os bichinhos, provavelmente maltratados pelos patifes, podiam precisar da nossa ajuda. Enchi-me de coragem, que é como quem diz esvaziei a mente, e entrei.
Resultado: os cães estavam bem e aparentemente não levaram objectos de valor nem danificaram o interior da casa. Limitaram-se a forçar a entrada da mesma, abriram e remexeram nas gavetas da cómoda do quarto de dormir e piram-se pelas traseiras.
Refeita do susto, a minha amiga telefonou à família e comunicou o episódio às autoridades policiais.
Dez minutos mais tarde somos surpreendidos pelo filho dela que entra esbaforido em casa, trazendo uma pistola na algibeira do casaco, a perguntar por "eles". Este impetuoso mal tem tempo para se acalmar e descansar porque é interrompido pela chegada da polícia. Como criminosos à vista não havia e ele era o único armado, em quê é que não sei, naquela casa, o jovem preferiu sair de cena… também pelas traseiras.
Entra o polícia - isto já parece uma peça de teatro – que naquelas bandas se chama state trooper. Era um tipo jovem, alto e espadaúdo. Rijo de formas e de feições. Vestia uma farda impecavelmente limpa e engomada, encimada por um chapéu idêntico aos da polícia-montada do Canadá. Mal entra, identifica-se e, como ditam as regras da boa educação, tira o chapéu e coloca-o delicadamente em cima de uma poltrona. Impressionante. Nenhuma nódoa, vinco fora do sítio ou pêlo maculava o chapéu.
Porém, este objecto estranho despertou a atenção do nosso melhor amigo, isto é, de três dos nossos melhores amigos, que desatam a cheirá-lo e a empurrá-lo, ainda que devagar, com a cabeça. O fleuma impertubável do polícia sofreu um sismo para aí de cinco e picos na escala de Richter. A partir daqui, o agente havia de dividir a sua atenção entre a nossa segurança e a do seu chapéu, não fossem os canitos fincar os dentes naquele símbolo de poder.
Quando se sentiu mais à vontade, lançou um segundo olhar analítico à casa enquanto calçava calmamente umas luvas de látex. A minha amiga narrou com pormenor os acontecimentos da última meia-hora, omitindo a parte do filho armado, e disse ao agente que não tínhamos tocado em nada. A cena do crime estava intacta!
(continua...)
Friday, March 28, 2008
Wednesday, February 27, 2008
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