Friday, March 20, 2009

O último degrau

Não foi a primeira nem provavelmente terá sido a última vez que, à saída do autocarro, piso ou dou um ligeiro encontrão na pessoa que está à minha frente. Não o faço intencionalmente nem tão pouco sou um passageiro que sofra do tique da pressa. O problema, na maior parte das situações, dá-se porque a "vítima" tem um bloqueio mental no último degrau. Há algo inexplicável que altera o seu ritmo, chegando, inclusive, a estacar o seu andamento. E não me refiro a pessoas de idade e/ou com problemas de locomoção. Este "mal" não escolhe idade, raça, género nem orientação sexual.
Por vezes, detenho-me e evito a colisão; noutros casos, como dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço físico, dá-se o embate!
Não compreendo esta (in)acção, de parar ou quase quando se sai - há os que fazem o mesmo quando entram - dos transportes. O veículo está imobilizado; a distância a cobrir são 20 ou 30 centímetros; do "outro lado" está terra firme, mas mais parece que vão pôr o pezinho nas águas geladas do árctico; o caminho está quase sempre desimpedido; a viagem é exactamente idêntica à do dia, semana, mês ou ano anterior, mas há sempre quem pare subitamente antes de dar aquele último passo, tão pequeno para o homem, mas grande e chato para a humanidade que espera atrás.
A variante dos "contempladores" é outra praga. Não só se imobilizam como olham em frente para perscrutar o horizonte, à procura do quê não sei!
Sobre os que fazem isto e muito mais nas escadas rolantes é melhor nem falar...

1 comment:

A. said...

o embalo ipnótico da escada...
... o último degrau.... para o abismo do dia-a-dia!!!