Recuando um pouco no tempo, não muitos anos, lembro-me do ambiente em jeito de romaria que a Feira do Livro destilava. Ansiava por estes dias de Maio porque era a altura do ano em que tinha acesso a uma montra inaudita de livros.
Livros, livros e mais livros de todas as cores, tamanhos, assuntos, preços... cheiros e sabores porque há quem "devore" estas criaturas de papel. Até mesmo quem raramente lê, se fosse à feira arriscava-se a trazer uma obra qualquer.
O meu entusiasmo pelos livros não esmoreceu e a feira continua a atrair milhares de visitantes, não obstante dos preços praticados pelos editores e das guerras de bastidores dos mesmos.
Além d(est)a feira; ruas, praças, estações, centros comerciais e espaços mais ou menos públicos passaram a acolher mercados de livros - só no percurso diário que faço de casa ao trabalho passo por três feiras deste tipo - que têm nomes sugestivos como "festa dos livros", "volta a Portugal dos livros", "livros em saldo"... São tantas que, nunca pensei dizer isto, já se tornaram uma praga! A ideia é louvável, incitar hábitos de leitura, mas o recheio destes bazares ambulantes não só é uma babilónia como chega a ter um efeito contraproducente.
Romances de cordel caem sobre manuais de filologia; bandas desenhadas da década de 1980 têm preços do século XXI; guias de turismo propõem-nos viagens (no tempo) à República Democrática Alemã; fascículos e livrinhos de culinária, em tempos oferecidos por revistas femininas, são vendidos como se se tratassem de novidades... As raríssimas excepções que me perdoem, mas aquela barafunda tira-me a vontade de ler.
Wednesday, April 01, 2009
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