Tuesday, February 13, 2007

O verdadeiro amigo do ambiente

Já se passou quase uma dezena de anos, mas ainda me lembro perfeitamente do asco que muitas pessoas sentiam em relação a um arrumador, toxicodependente, que subia e descia ruas de Almada. Era um fulano ausente, cambaleava à toa, com aspecto pestilento e era frequente vê-lo a discutir. Discutia com condutores – chegou, inclusive, a ser atropelado -, discutia com quem pass(e)ava, discutia com “colegas”... Nunca soube o seu nome, mas apenas a alcunha: piaçaba. Agora compreendo o motivo deste “nome de guerra”.
Poucos objectos são alvo de repugna como o incompreendido piaçaba. Na maior parte das ocasiões encontro-o incólume, como se fosse um adereço de cenário, encostado a um canto, apenas para encher a vista; outras vezes encontro-o exaurido, desgrenhado e com bocados de dejectos agarrados à escova… São raras as situações em que o vejo assim assim; denotando o mesmo uso assíduo que tem uma escova de dentes ou um sabonete.
Na hierarquia dos acessórios de casa de banho, o piaçaba ocupa o lugar mais baixo.
Isto permiti-me chegar à conclusão de que a maioria dos utentes das casas de banho (públicas) tem nojo do piaçaba. Eu sei que o dito cujo move-se em ambientes… fecais! Mas é apenas na extremidade cabeluda, o cabo encontra-se limpo. E se for usado devidamente, o receptáculo deste instrumento deixa de ter aspecto de fossa. Para tal, basta agitar (e não mexer, tipo James Bond) o piaçaba quando este ainda está imerso em água, na sanita, antes de o devolver à base ou suporte. Talvez seja por estas e por outras divagações escatológicas que, infelizmente, tanta boa gente prefere deixar a sanita suja, com recordações de refeições anteriores, ao invés de pegar no piaçaba para limpar a porcaria que fez.
Já assisti a autênticos atentados à saúde pública, capazes de arrancar soluços de vómito a qualquer cabra macho! E este comportamento é transversal à nossa sociedade. Não escolhe idade, sexo, estatuto social ou credo religioso.
A solução pode passar por aumentar a pressão da descarga de água, por uma dieta diferente… ou, melhor ainda, por um inspector sanitário. Quem suja, limpa!

1 comment:

A. said...

...estou tentada a imprimir o teu fabuloso texto, que subscrevo totalmente!, e substituir o print que colaram na semana passada (em letra prá aí tamanho 72 do word!) no WC deste piso com a seguinte frase "QUE TAL LIMPAREM A SANITA QUANDO A SUJAM???????"