Tuesday, November 21, 2006

Mamma mia!

Neste momento, o meu colega da editora Abril está a atravessar o oceano Atlântico. Dentro de uma hora, provavelmente um pouco menos, o Fábio chegará ao seu destino: aeroporto de Guarulhos. O principal aeroporto de São Paulo.
Para trás ficaram duas semanas muito bem passadas, segundo as suas palavras, no nosso pequeno país e o desejo de voltar para o ano, desta feita, com companhia.
Ontem, no jantar de despedida, ele fez o balanço da sua estada. Visitou Lisboa, parte da linha de Cascais / Estoril, Sintra, Cabo da Roca, Batalha, Porto, Coimbra, Óbidos, Tomar… Gostaria de ter tido mais tempo para ir a Braga, a Guimarães e a Fátima, mas não foi possível. Disse-me que fica para a próxima.
Não lhe disse nada sobre o meu “post”, mas não resisti a perguntar-lhe se passou por alguma experiência gastronómica digna de nota. Sei lá; umas tripas à moda do Porto, um doce conventual, qualquer coisa… Mas não. O Fábio disse-me que é “esquisito” com a alimentação. Além disso, como na maior parte das vezes era “apanhado em trânsito”- comboio às 11:30 ou autocarro às 19:00 – saciava-se com uma simples bucha: sandes, hambúrgueres e salgados. Mesmo não se tratando de um amigo do garfo, acho incrível ele não sentir a mínima curiosidade sobre a culinária tuga, todavia, não me atrevo a censurá-lo porque há imensas pessoas assim!
De volta ao jantar… Até nas últimas horas que antecederam a sua partida, o Fábio demonstrou ser um paulistano cosmopolita e convicto da unha dos pés à ponta dos cabelos. Fizemos a nossa refeição numa pizzaria!
Antes disso, porém, ainda houve tempo para um episódio divertido. Estávamos a passear por um corredor do centro comercial, a caminho do Pizza Hut, quando o Fábio ou o amigo dele esticou o pescoço na direcção do restaurante O Madeirense. Estranhei este súbito interesse, até que alguém disse: - ali dentro devem servir pizzas!
Desfiz o engano e compreendi a leitura errada quando reparei nas cores das saias típicas da Madeira que as funcionárias trajavam. Verde, vermelho, branco... as cores da Itália!
Poucas horas depois despedimo-nos e combinámos o seguinte: ele voltará para o ano e eu aparecerei mais vezes em S. Paulo.

Friday, November 17, 2006

Bife com batatas fritas


Há poucos dias recebi a visita de um colega da “ex-casa mãe” da empresa onde trabalho (até ver…). Depois de vários anos a solicitar informações e a ser guiado por conhecidos em países estrangeiros, pela primeira vez, pensei eu, ser-me-ia atribuída a missão de guia turístico. Para estar mais tempo disponível, resolvi, inclusive, fazer gazeta às aulas de natação. Exagerei nos cuidados! O Fábio Figueiredo, o colega da Editora Abril, gosta de se desenvencilhar sozinho; recebeu várias dicas da sua irmã, que teve o prazer de visitar Portugal há poucos anos – e como é sabido, no nosso burgo as coisas pouco mudam – além disso, tem um amigo brasileiro a viver em Portugal, também na margem sul, há cerca de dois anos.
Trocámos algumas palavras no dia da sua chegada, seguiram-se os comprimentos e larguras da praxe e marcámos encontro para sexta-feira, há uma semana. O Fábio quis conhecer as instalações da minha empresa antes de combinarmos um programa para a noite. Assim sendo, fui buscá-lo a um café de Paço de Arcos, e desempenhei o papel de anfitrião naquela que é a minha segunda casa (não sei por quanto mais tempo…): o edifício São Francisco de Sales.
Enquanto punhamos a conversa em dia, lembrei-me do quão engasgados eram alguns dos meus diálogos com os nativos das terras de Vera Cruz. Para ser bem compreendido é forçoso diminuir o débito de palavras por minuto; abrir bem as vogais e, acima de tudo, “entrar no espírito da coisa”… empregar o gerúndio e termos como celular, ônibus, bonde, trem, pegar, etc. Assim, evitamos as rajadas de “oi?” e “hem?” e os diálogos tornam-se mais escorreitos.
Em menos de vinte minutos, com pausa para café incluída, passámos em revista os vários pisos e departamentos da editora. Aproveitei para sair mais cedo e rumámos a Almada.
Ficámos um bocado na minha cubata para queimar tempo, falámos de trivialidades até que, finalmente, metemo-nos a caminho do repasto e das prometidas “cervas” da noite de sexta-feira.
A downtown de Cacilhas está para os restaurantes e cafés como a rua do Arsenal, em Lisboa, está para o comércio de bacalhau. Se lá há bacalhau fresco, mais e menos salgado, demolhado, caras de bacalhau, línguas de bacalhau, bacalhau da Noruega, da Terra Nova... em Cacilhas há um restaurante indiano especializado em comida italiana, restaurantes chineses, frango nas brasas de carvão e no grelhador eléctrico, casas de petiscos, tabernas, uma casa de fados fingida... Mas a especialidade da terra é o peixe e marisco. As verdadeiras delícias do mar!
Escolhi o Solão Beirão, um estabelecimento sobejamente conhecido por nós, locais, pela relação preço/qualidade. Sexta-feira é, provavelmente, o dia mais movimentado da semana, mas como chegámos relativamente cedo, é-nos dado o privilégio de escolher o lugar/mesa. Sentámo-nos e pouco tempo depois um funcionário entrega-nos a ementa. Aqui é suposto dissertar sobre a fragância do vinho, a importância das castas, a textura do peixe, a suculência da carne, o que é ou não produto da época, a originalidade e alternativa saudável que as ervas aromáticas constituem, em suma, o paliativo português... Todavia, o Fábio dispensou observações. Os seus olhos perscrutaram a ementa e, peremptoriariamente, fez o seu pedido: picanha com batatas fritas e feijão! E para beber: Coca-Cola Light!
Perdi o pio. A picanha em Portugal, naturalmente, não é tão boa como em “sua casa”, mas ele estava determinado. Este episódio lembrou-me o slogan: “Esteja onde estiver...”. Depois de ter pago uma pipa de massa para atravessar um oceano e sofrido dentro de uma caixa de lata durante seis ou sete horas, sem direito a um filmezito, o Fábio deve ter procurado, e aparentemente com êxito, algum conforto na rotina. Se não foi por este motivo, em Roma apeteceu-lhe ser grego!

Friday, November 03, 2006

Prazer imediato


Estou triste. A prestação da casa não pára de subir, os meus electrodomésticos decidiram dar o badagaio, sinto-me desiludido com a minha situação profissional, e mesmo noutros campos, não estou a ver nenhum futuro promissor. Se calhar a culpa é minha; não me esforço o suficiente, emano algum tipo de energia negativa… Sei lá!
Felizmente, redescobri alguma boa disposição e alívio numa mão cheia de trivialidades. Na leitura e música popular, na comédia fácil, nas voltinhas pelo meu bairro. Pelo menos nisto, a sociedade colabora comigo; sinto-me perfeitamente integrado.
O Pêndulo de Foucault, de Umberto Eco, que me fazia companhia nas parcas dezenas de quilómetros que antecedem e sucedem a labuta diária, está a ganhar pó numa prateleira. Agora, as minhas leituras são as “gordas” do 24 Horas, a Dica da Semana, o Metro e o Destak. Às vezes também folheio, com uma tremenda vontade de desfolhar, a Caras.
A minha televisão, enquanto não se juntar à facção dos electrodomésticos rebeldes, saltita entre as séries de ficção do AXN e as SIC Comédia e Radical. Engulo o Sobrenatural, a Cléopatra 2525, Porcos, Feios e Maus, Benny Hill, luta livre americana…
Na internet descobri, aliás, deram-me o link de uma colecção de filmes do Charlie Brown brilhantemente dobrados. É forte, muito forte, mas é hilariante!
O cinema é outra panaceia de eleição. Tenho visto filmes extraordinários como a Senhora da Água; saí da sala praticamente em lágrimas, mas se quero uma válvula de escape, uma anestesia para o meu estado de espírito, é preferível ver um filme de acção pura e dura ou de carne. Melhor ainda: uma combinação de ambos! Foi (parte d)o meu programa no último feriado. Primeiro passei pelo jardim da Estrela para (re)ver os trabalhos da Anabela (http://a-ponto.blogspot.com) . Não resisti e comprei um babete para o meu afilhado.
Ao fim da manhã estava à porta do Alvaláxia para ver o DOA – Guerreiras Mortais. Que coisa mais linda! Elas lutam em roupa interior, em fato de banho, saltam, jogam vólei, dão piruetas, desafiam as leis da física, mas não perdem a pose. Estão sempre graciosas e com a maquilhagem impecável – isto lembra-me as cenas de pancadaria dos cowboys nos antigos filmes de western; por mais socos que os heróis apanhassem ou rebolassem na terra, conseguiam manter o chapéu aprumado e na cabeça!
Enquanto obra cinematográfica, DOA não é mortal, é miserável, mas quero lá saber disso! Já tive a minha dose da Cinemateca, do cinema europeu, do cinema mudo, dos musicais, dos ciclos do King, disto e daquilo… DOA deu-me o que eu queria naquele preciso instante. Comédia, grandes planos de corpos esculturais e sequências de lutas bem executadas.

Thursday, October 26, 2006

Odeon


Há quem tenha casa com vista para o mar, para um rio, para um jardim… Eu não. Adoro o meu lar, mas das janelas do meu primeiro andar só tenho várias perspectivas de uma velha rua de Cacilhas; pululam habituações antigas, umas quase decrépitas e outras restauradas às três pancadas, uma mercearia de bairro, a típica calçada portuguesa, mas a obra-prima está atrás da janela da sala de estar. É dela que contemplo o Odeon, um café de esquina muito especial.
Este Odeon tem um único proprietário e funcionário: o sô Zé. Está aberto 365 dias por ano, das oito e tal da manhã às onze e picos da noite. O pessoal, isto é, o sô Zé, não fecha para descanso nem para balanço ou férias. Fechar, só mesmo em caso de doença que inspire muitos cuidados, porque até as gripes e outras maleitas são curadas atrás do balcão. A esplanada é composta apenas por seis ou sete cadeiras e três mesas, duas das quais estão vandalizadas com buracos e queimaduras. O toldo que vislumbro da minha janela tem escrito snack bar; do outro lado apresenta-se como pastelaria. Ilusões de grandeza! Este Odeon não é uma coisa nem outra, é um cafézito aparentemente tristonho e desmazelado cuja mais valia é o seu património humano, os fregueses indefectíveis! No pico do Verão e debaixo de um Sol escaldante ou, mais recentemente, numa noite fria e sob uma carga diluviana, o Odeon tem clientes que não arredam pé. E como se isso não fosse o suficiente, depois do encerramento são capazes de abancar ali perto até à uma ou duas da manhã. Muitos deles seguem o exemplo do patrão: 365 dias por anos, das oito e…
Aquilo não é um café, é uma sala de estar, e como tal os fregueses tomam certam liberdades que noutros sítios é impraticável. Fuma-se (e vende-se) haxixe à frente de toda a gente, inclusive das crianças, que, tal como eu, saem dali perfumadas; (algum d)o pessoal da Telepizza sabe que se quiser um cigarrinho para rir só tem de passar pelo sô Zé. Os motards mais expeditos nem precisam de se apear, esticam o braço para apanhar o cigarro já feito e enrolado e ‘tá a andar de mota!
É frequente os Malrboros e os SGs esgotarem, o Odeon não tem (espaço para) máquina vendedora de tabaco, mas o fornecimento de filtros, isqueiros e mortalhas está garantido. Mortalhas, não! Papel para o rebuçado, como uma das clientes tem a gentileza de pedir ao balcão.
Jogar a dinheiro é outra das actividades praticadas neste humilde estabelecimento. Todavia, não se apostam grandes importâncias. É de bom tom não fazer concorrência aos jogos da Santa Casa, e o sô Zé faz sempre o favor de trocar notas por moedas para o jogo. Com esta animação à porta de casa, pergunto-me se vale a pena ir ao Casino de Lisboa.
A cerveja está para o Odeon como o bife está para a Portugália, é o best seller da casa! De quando em quando, a Sagres e Super Bock patrocinam uns desaguisados entre a rapaziada. O que vale é que o povo é sereno e no dia seguinte já se brinda, com litradas de cerveja, à paz restabelecida.
Há dias, em conversa com o sô Zé, descobri que antes de ser taberneiro, perdão, empresário em nome individual, este senhor vendeu tecidos na baixa de Lisboa - agora é a minha vez de fazer corte e costura! Orgulha-se de ter lançado a moda das camisas de flanela para dormir; disse-me que antigamente só se usava o algodão para este tipo de roupa. Boa, sô Zé! E mais, também foi um dos pioneiros na moda das calças à boca de sino. Ai, sô Zé… Isso é que não!
Todos os anos, em meados de Fevereiro, o Odeon é tema de conversa na reunião de condóminos. Discute-se o alarido que se passa lá em baixo; compara-se o café ao Casal Ventoso; chega-se à conclusão de que as raparigas que lá param são tão ou mais ordinárias do que eles; criticam todos os clientes… Não sou assíduo do Odeon, mas detesto que um grupo de empertigados que mal conheço opine sobre os meus gostos. Talvez por isso alguns vizinhos me tratem como pária. Sinceramente, não estou minimamente preocupado. Quando não me apetece andar muito, só tenho de dar 30 passos, bem contados, desde a entrada do meu prédio para chegar ao Odeon; lá, nunca fui maltratado e tanto o café como o descafeínado custam apenas 40 cêntimos, uma pechincha; já dei algumas gargalhadas à conta das situações que assisti…
O Odeon de Lisboa encerrou a carreira a exibir filmes pornográficos, espero que o de Cacilhas tenha melhor sorte.

Tuesday, October 03, 2006

Um desejo chamado eléctrico

O fim-de-semana é sinónimo de descanso, no entanto, na sexta-feira à noite, prenúncio de folga, senti-me derreado por causa do stress no trabalho, não pelo excesso do mesmo, mas antes pelos tempos de instabilidade que se vivem e adivinham. Diz-se que o melhor remédio é viver um dia de cada vez, por isso, nestes dias de pausa decidi entregar-me ao dolce fare niente.
Dito e feito! Dormi até tarde, vegetei diante da televisão e quando me senti suficientemente desperto, apanhei o barco para Lisboa.
No Cais do Sodré, no bar quiosque do terminal da Carris, não dispenso o pequeno copo de café de saco. É fraco, mas o sabor e o aroma são deliciosos, além disso, custa apenas 45 cêntimos. Os mais afoitos podem pedir o café com cheirinho que não pagam mais por isso. Dez minutos depois, dou por mim a passar de raspão pela feira da ladra enquanto procuro a travessa do Zagalo. É lá, no espaço Novesfora, que a minha colega Anabela, expõe e vende os seus lavores. Trouxe um pequeno mapa, mas o meu sentido de (des)orientação é à prova de croquis, guias e bússolas, pelo que tive de calcorrear as ruas e travessas circundantes até encontrar a dita cuja.
Gostei dos trabalhos da prendada Anabela e das suas colegas artesãs. É pena que a maioria da produção seja “coisa de gajas”: alfinetes, pregradeiras, malas, malinhas, colares, pulseiras... Porque não fazem elas coisas para gajos?
Depois da visita, atravessei o mar de quiquilharias da feira da ladra, passei pela Igreja de S. Vicente de Fora e apanhei o eléctrico para o Martim Moniz; o 28. Eu sei que é cliché, falta de originalidade, lugar-comum, coisa batida dizer que se gosta de viajar de eléctrico, mas não consigo resistir a esta afirmação. Adoro, adoro, adoro! Adoro a cor, os bancos duros, os solavancos... Sempre que ponho os pés na capital, arranjo forma de encaixar uma volta de eléctrico no meu percurso; do Rossio à Graça, do Cais do Sodré ao Terreiro do Paço, de S. Vicente de Fora ao Martim Moniz, etc. Os utentes deste veículo são sui generis. Só ficam de foram os apressados, porque de resto entram trabalhadores, estudantes, nostálgicos e magotes de turistas… para alegria dos carteiristas! No entanto, estes têm que se haver com os reformados, que já os conhecem de gingeira e assim que lhes põem a vista em cima, piscam os olhos para os passageiros e começam a pigarrear. Os mais destemidos não refream a língua e falam para a plateia em alto e bom som: - Cuidado com as carteiras!; - Eles estão aí!
O ranger das estruturas de madeira e dos bancos compõe o resto da banda sonora. Por vezes, até parece que a composição estrebucha com os carris e que se vai desfazer a qualquer instante… Uma sensação reforçada nas curvas descendentes sempre que o eléctrico apanha alguma velocidade. É a montanha-russa dos alfacinhas!
Este espectáculo abarca vários sentidos, mas quando entro nele, desligo-me de tudo e de todos – excepto da carteira! Deixo os problemas para trás e aprecio a viagem.

Thursday, September 28, 2006

En garde!



A chuva chegou, viu e foi-se embora. A temperatura tropical; a brisa amena e o sol resplandecente levaram a melhor… Temporariamente.

Para os utentes dos transportes públicos, este rucuo da pluviosidade representa um autêntico armistício. Enquanto o Sol brilhar, o guarda-chuva, essa arma preta, não é desembainhado e fica guardado em casa, para gáudio de muitos.


Se é obrigatório uma licença para conduzir viaturas motorizadas, um porte para as armas de fogo, por que não se cria uma espécie de autorização para os guarda-chuvas? Tenho a certeza de que não sou a única vítima da negligência dos utilizadores deste objecto. A incúria começa logo na forma como se segura e transporta o guarda-chuva. Há os que o levam debaixo do braço, como se uma baguete se tratasse. É uma pose très jolie se não caminhassem com a extremidade aguçada, a baioneta, para trás. Um pequeno passo para trás ou uma mudança de direcção é o suficiente para atingir alguém. Touché!


Os que tacteiam o caminho com ele, à guisa de uma bengala, não são menos felizes. Ora espetam a extremidade na calçada, em bueiros ou em brechas, provocando uma paragem súbita e, consequentemente, um encontrão. O mais frequente é bicar o calçado dos transeuntes. Touché!


Mas o movimento mais perigoso de todos é o “fura olhos”. Pode ser ascendente, quando se abre o guarda-chuva, ou descendente, quando o mesmo é fechado. Há quem execute ambos alheio a tudo e todos. Simplesmente sacam da arma e toma lá disto! Quem estiver dentro do raio de acção das varetas que se proteja. Para tal, é forçoso ter bons reflexos porque o guarda-chuva, no estado inerte, é um pequeno cilindro com cerca de cinco centímetros de diâmetro, mas quando é activado, numa fracção de segundos ocupa uma superfície de 70 ou mais centímetros, quase um metro. É ou não é uma arma de fragmentação? Todavia, continua a ser vendido, escandalosamente, em todas esquinas.


Abaixo o guarda-chuva!

Saturday, September 16, 2006

Agá dois ó

O princípio do fim do Verão começou esta semana, com os primeiros chuviscos de Setembro. Quase por instinto, há quem se sinta compelido a fazer uma retrospectiva dos dias solarengos: o que fez; o que ainda pretende fazer e, sobretudo, o (muito) que ficou por fazer. Até as mentes mais preguiçosas são férteis neste terreno; a partir de Março comprometem-se a explorar praias pouco conhecidas, a fotografar gaivotas na Berlenga, a praticar mais desporto, etc. Eu já me deixei disso porque, ao invés de criar muitas expectativas, prefiro ter os pés bem assentes na terra.
Por falar em terra e água… É nesta altura do ano que retomo as minhas aulas de natação, ou seja, meto água, muita água, porque sou um daqueles indivíduos que dificilmente aprenderá a nadar bem. Tenho uma estrutura óssea relativamente pesada e uma respiração atabalhoada, logo, canso-me num instante; não estico devidamente as pernas; a velocidade da minha locomoção aquática só tem paralelo com o crescimento da economia portuguesa: é lentaaaaaaaaaaa! Mas eu não cruzo os braços e há quase três anos que desafio a paciência dos professores de natação do Belenenses.
Além destes defeitos e feitios, tenho qualquer constrangimento quando estou imerso em água… É estranho, porque não me lembro de ter passado por nenhuma experiência aterradora com água; apanhei um susto num parque de diversões aquático, há muitos anos, quando caí numa piscina com dois metros de profundidade e, praticamente na mesma altura, andei de barco com vários amigos cuja diversão era pôr à prova a estabilidade da embarcação. Estávamos quatro ou cinco dentro do Bobi, o pequeno barco com lotação para duas pessoas. Berrei a plenos pulmões, mas não fiquei com nenhum trauma e depois destas peripécias meti-me em muitas outras; atravesso o Tejo de cacilheiro nunca menos de seis, oito vezes por semana e nas férias não dispenso um passeio num rio ou mar.
Algo se passa comigo, mas o quê não sei... Até a ver um filme sou capaz de sentir um nó no estômago quando o tema é molhado; foi o que se sucedeu quando vi o Armadilha em Alto Mar, há poucos dias. Coitadas das personagens, algures no mar, incapazes de subir para o convés do iate porque se tinham esquecido pôr a escada em posição; condenados à morte por uma questão de centímetros... Tão perto e tão longe. O facto de ver o filme projectado numa tela gigantesca, com 400m2 e o local do visionamento, à beira rio, reforçou a sensação de angústia.
Por vezes, gostaria de ter o poder de Moisés: afastar as águas!

Monday, September 11, 2006

Avante, camarada, avante!

A Revolução Russa deu-se em Outubro, mas em Almada de Leste, os festejos comemorativos da ascensão da esquerda têm início um mês antes, no primeiro fim-de-semana de Setembro, com a Festa do Avante.
Durante muitos anos, como criatura apolítica que tento ser, olhei de soslaio para este evento. Saciava a minha curiosidade ouvindo relatos de amigos e colegas que eram habitués desta festa. Percebi que alguns iam porque eram – aqui o pretérito tem duplo sentido já que lhes perdi o rasto - comunistas acérrimos, mas a maioria não sabia distinguir a política de esquerda da de direita, o que lhes interessava era o centro da rambóia! Três dias de música, com alguns sons alternativos à mistura; confraternização; comezainas típicas… Tudo isto, lá está, regado com a bela da cerveja e, para alguns, defumado com charros.
Tive de esperar muito tempo, quase duas décadas, para me sentir suficientemente tentado a comprar o ingresso de entrada, a famosa EP - entrada permanente. Todavia, fico-me pela intenção porque, vai para cinco anos, tenho um programa mais apelativo cuja data coincide com a da Festa do Avante. Trata-se de um acampamento na Costa Vicentina, mais precisamente entre Vila Nova de Milfontes e Porto Covo.
Vistas bem as coisas, há várias semelhanças entre o meu acampamento e o Avante. Para começar, ambos se situam em distritos governados por comunistas; em poucos dias sinto na pele essa cor política… Adquiro, segundo me dizem, uma tonalidade “alagostada”; fico vermelho, já que a paleta de cores da minha epiderme não inclui o bronze. Os estaminés de comes e bebes e artesanato são substituídos por outro tipo de barracas: tendas. Também elas de todos os tamanhos, feitios e cores. É uma paisagem semelhante! Quem já acampou vários dias seguidos sabe que, inevitavelmente, realizamos certas tarefas que habitualmente são feitas por máquinas, pela mulher a dias, pela mamã… Neste capítulo, cada um sabe de si! São trabalhos que nos aproximam do homem comum, do proletariado; como a lavagem da loiça, a preparação das refeições, a limpeza do domicílio, etc. Para terminar, curiosamente, o parque pertence e é gerido por um sindicato, e isso vê-se e lê-se nas suas instalações.
Por estas e por (muitas) outras, acho que continuarei a dispensar o Avante. É que não há festa como a minha!

Sunday, August 20, 2006

Fora de prazo


Hoje de manhã abri a embalagem de fiambre de peito de peru que tenho no frigorífico para fazer a sande que como ao pequeno-almoço e/ou lanche. É um hábito que tenho desde tenra idade. Para quê comprar uma sanduíche de queijo ou de outro conduto quando posso fazê-la e levá-la de casa? E o mesmo se passa com o leite. Tenho sempre pacotes de leite em casa e no local de trabalho para suprir a minha dose diária recomendada de cálcio. Voltando à vaca fria, neste caso, ao peru fresco, felizmente, a embalagem contém apenas 10 ou 12 fatias porque, a partir do momento que a abri, tal como a Cinemateca organiza ciclos dedicados a actores e a realizadores, eu entrei, forçosamente, no ciclo do fiambre de peru. Até a última fatia me atravessar o esófago, as minhas sandes são de fiambre, fiambre e fiambre!
Teoricamente, as embalagens e os aditivos químicos deveriam garantir a frescura do produto durante bastante tempo, mas acontece que ao fim do quinto dia, as fatias começam a ganhar lividez e encarquilham. É uma corrida contra o tempo...
Eu, o meu frigorífico e os retalhistas, secundados por muitas empresas de produtos alimentares organizamos outros ciclos. A semana passada tive os do milho e ervilhas, e antes desses tive o da alface, vivido muito intensamente devido à perenidade desta planta.
Se ainda ao menos tivesse alguém que me fizesse companhia... mas não tenho essa sorte! Sou o produtor, realizador, actor principal, projeccionista e único espectador destes filmes. A alimentação e a gestão da copa são, para mim, os maiores problemas em viver sozinho. É difícil acertar nas proporções quando se cozinha para uma pessoa; suja-se imensa louça na mesma; falta-me imaginação e talento para a lide gastronómica; quase todas as embalagens de produtos alimentares são feitas a pensar em alcateias, nunca em lobos solitários!
Fiscalizo periodicamente a despensa para não deixar expirar nada, porém, há sempre produtos que acabam no caixote do lixo ou são consumidos extemporaneamente. E depois? Desde que não dê a volta à tripa nem leve ninguém ao hospital... A propósito, isto lembra-me um episódio que sucedeu há cerca de três anos. Foi uma das raras ocasiões em que tive comensais em casa. Eu e um amigo decidimos comemorar a iminente paternidade de um colega, companheiro de noitadas e de férias, com um exótico caril de frango. Convidámo-lo a ele e à futura mulher e deitámos mãos à obra para que tudo estivesse pronto quando o casalinho chegasse. Correu tudo bem, as entradas foram devoradas num ápice e o frango estava delicioso. Parabéns aos cozinheiros!
Horas depois, quando punha alguma ordem e limpeza na cozinha, dei por mim a olhar para a saqueta de caril que havia sobrado. Pensei cá para os meus botões:
- Sobrou tão pouco que não vale a pena guardar. Deixa cá ver o prazo de validade...
Caíu-me o queixo quando olhei para a data. Já havia expirado há coisa de 10 anos! Onde é o que o meu amigo teria desencantado aquela relíquia? Terá sido uma herança?
O facto é que usámos aquele caril do milénio passado e ninguém se queixou de nada, muito pelo contrário, o frango foi um êxito! Pouco tempo depois, eu e o meu amigo comentámos que, antigamente, quando o transporte das especiarias era feito por naus, passavam-se anos desde que o caril saía do produtor até chegar à mesa do consumidor. Pois... É do caril!

Thursday, August 17, 2006

Um nó nas tripas












São imensos os elogios tecidos à gastronomia nipónica. Não concordo! É publicidade enganosa! Estive lá, fiz amigos que me recomendaram esta e aquela iguaria e por isso degluti peixe, marisco, doces, chá, carne, cerveja, invertebrados, legumes, frutos, fritos, cozidos, grelhados, nem sequer o fugu, o temível peixe-balão, venenoso e causador de numerosas mortes no Japão, escapou à fúria das minhas papilas gustativas... apesar de tudo, só sei que regressei a Portugal teso como os pauzinhos (waribashi) por que quis provar o máximo de pratos, e descobri que a comida japonesa é uma tortura chinesa!
O peixe cru é sensaborão; perdi a conta dos pratos com sabor a molho de soja; as doses são parcas, demasiado parcas até para quem come pouco. Há, naturalmente, algumas excepções e a apresentação das refeições merece nota vinte na escala do professor Marcelo. A disposição dos alimentos e a paleta de cores dos mesmos é um regalo para a vista. Todavia, os olhos comem mas não saciam a pança!
Há qualquer coisa no meu âmago que me impele a fazer esta e muitas outras experiências. É mais forte do que eu, e não é preciso carimbar o passaporte para abraçar novas experimentações. No último fim-de-semana aproveitei o facto de estar em terra alheia, no Porto, para me submeter a duas especialidades locais: tripas à moda do Porto e francesinha.
Antes disso, porém, um amigo alertou-me para o odor desagradável das tripas. Imaginei que sim e fiquei a pensar se o sabor valia o sacrifício. Não matutei mais nisso até ao dia e hora exactos.
Sábado, 12:00. Em circunstâncias normais seria cedo para almoçar, mas como acordei às seis e tal da manhã para apanhar o comboio, já tinha a barriga a dar horas. Entrei num restaurante e consultei a lista de pratos do dia: bifes de peru, rojões, bacalhau, tripas… Cá estão elas! O preço é simpático, o estabelecimento é acolhedor… Fiz o meu pedido e depeniquei duas fatias de pão de milho enquanto esperava pelas famosas vísceras. Ocasionalmente, vinha da cozinha um pivete que supus tratar-se das tripas. 15 minutos depois os meus receios confirmaram-se. As tripas têm aspecto de dobrada; estão lá os feijões; a dose de arroz; o molho espesso; os bocados de estômago; mas, para mim, isso não passa de camuflagem. A fragância é, no mínimo, desagradável! Sempre que aproximo a colher da boca, torço o nariz e expiro. E o sabor é outra desilusão. É acre! Azedo! Já que os feijões estão a nadar neste caldo infernal - estão contaminados! - aponto as minhas baterias para o arroz, servido numa pequena travessa à parte. Meia hora depois e muitas colheradas engolidas, sinto-me como um miúdo. Orgulhoso por ter comido a papa toda… não foi exactamente toda, mas é como se fosse. Já está… Mas nunca mais me falem em tripas à moda do Porto!
A francesinha tem um nome que lhe faz jus. É um prato de bar/snack com uma apresentação cuidada, é très chic! Tem boas cores, ingredientes diversificados como o pão, o queijo, o bife, as salsichas frescas, a linguiça, o fiambre, o bacon e o molho - dizem os entendidos que o segredo está no molho – para efeitos práticos é uma tosta mista elevada ao superlativo! Apesar de ser uma bomba para o colesterol, soube-me bem melhor do que as tripas.
Não tive tempo para provar o bacalhau à Gomes de Sá. Fica para a próxima, mas já ouvi dizer que há produtos novos nos supermercados indianos e chineses do Martim Moniz.
Tenho de ver isso de perto…

Monday, August 14, 2006

Parque Jurássico


Eduardo Damas cantou Ó Tempo Volta para Trás, Marcel Proust escreveu Em Busca do Tempo Perdido, mas eu, mais prático, decidi assistir a um concerto dos Rolling Stones.
Confesso que os Stones não são a minha banda de eleição e nenhuma das suas músicas está ligada a um momento importante da minha vida. É uma situação que em termos de prazer acústico pode ser descrita como allegro ma non troppo! Comprei bilhete e acedi deslocar-me ao Porto, fazendo uma viagem superior a 300 quilómetros, porque se trata de uma banda com um peso histórico marcante. Mick Jagger & Companhia são, no meu entender, as maiores lendas vivas do Rock & Roll. Algo comparável a Caruso no canto lírico, Pelé no futebol, Amália no fado, Margot Fontaine no ballet, Mário Viegas no teatro e assim por diante. Presenciar o trabalho destes vultos é um privilégio. Por outro lado, tinha alguma curiosidade em regressar ao Porto para, finalmente, conhecer a cidade. As minhas breves passagens pela Invicta, vai para oito ou nove anos, foram no tempo da divina decadência; quando eu e um amigo decimos mudar de ares e, por isso, rumámos ao norte. Ficámos a conhecer o Anikibobó, o Mau Mau, os bares e as esplanadas da Ribeira, o Indústria, a Meia Cave, o Hard Club… apenas isso e algumas pensões de má categoria que sob a anestesia da noite não nos pareciam tão más.
Por coincidência, até a CP colaborou nesta viagem nostálgica ao arranjar-me um lugar de costas para o sentido da marcha… a paisagem da minha janela pertence ao passado dos passageiros que vão a olhar para a frente. Terá sido acaso ou obra do destino?
Passando adiante a peripécia de conseguir um quarto para passar a noite, a degustação dos vinhos do Porto, a gastronomia local e as voltinhas que tinham os tais oito ou nove anos de atraso, chego ao estádio do Dragão.
As portas são abertas e os espectadores começam a entrar… Nesse momento, olho para o bilhete e lembro-me de que tenho a opção de ir para o relvado B ou ficar no topo, de frente para o palco… o que não é mau de todo. A minha mente é invadida por cogitações e medidas agronométricas. Devo ficar onde estou ou invadir o relvado? Estou aqui tão bem, sentado e com uma perspectiva perfeita, além disso, li algures que o palco é móvel e aproxima-se a cerca 25 metros da minha cadeira, que nesta altura já me parece uma poltrona. Hummm... Percebi que não sou o único com o mesmo dilema e dois portuenses com sotaque carregado esclarecem as minhas dúvidas: “Espera aí, carago! Bamos alapar aqui. Assim ebitamos a confusão lá de baixo, com os empurrões e o carago e não lebamos com o bafo do som.” Eu não diria melhor! Já fui carrinho de choque humano em anos anteriores.
A moldura humana é sui generis. Já presenciei três gerações de fãs da mesma família, embora, na maioria dos casos, a última geração venha ao concerto por obrigação/frete... Mesmo assim, não deixa de ser um fenómeno. Os Rolling Stones têm 40 anos de actividade; muitos dos fãs da velha guarda, vou chamá-los Homo Rockus, tornaram-se Homo Normalis. São pessoas vulgares, como o meu vizinho, perderam cabelo, ganharam barriga, vestem t-shirts pretas e bebem quantidades absurdas de cerveja. Os mais endinheirados trocaram a cidade pelos arrabaldes, compraram moto e dizem-se rebeldes. Pois, pois, revoltaram-se contra as estradas nacionais e preferem a auto-estrada com via verde e dizem que no tempo deles é que era uma loucura.
Pelas 22 horas, mais coisa menos coisa, as figuras escanzeladas dos Rolling Stones sobem ao palco. O entusiasmo é contagiante, com um repertório para alfa e ómega.
Impressiona-me a forma física com que Mick Jagger, tal como um Francis Obikwelu, corre o palco de este a oeste; dança sensualmente, como o fazia nos anos setenta; papagueia palavras em português, para delírio dos tugas, que reage com “às, us, iés”; a banda cumpre a função e o espectáculo inclui muito fogo-de-artifício nos sentidos figurado e literal. Sinto-me cheio, mais rico, satisfeito e hasteio a minha bandeira branca muitos antes de ouvir o Satisfaction ao vivo. Foi para isto que vim.
Eu estive lá!

Thursday, August 10, 2006

Mais ou menos assim assim

Hoje acordei mal disposto. Não sei se foi obra do repasto de ontem à noite; do calor… que convidou àbejeca; do pouco tempo passado nos braços de Morfeu, alguma coisa foi e agora encontro-me, tal como um condenado, a contar o tempo que me falta para cumprir a pena. Duas horas e meia é o meu castigo. Assim que receber a ordem de soltura, vou a correr para casa, dispo-me, tomo banho, bebo leite e como qualquer coisita para enganar o estômago. Na realidade, isto não passa de liberdade condicional porque amanhã tenho de voltar e picar o ponto… de preferência, com outra disposição e produtividade.
Além da moléstia, que só por si me deixa um pouco apático, custa-me responder à pergunta sacramental que todos os meus colegas e amigos me fazem: “Tudo bem? “
O que é que faço? Se digo que não me sinto bem, vão querer saber o motivo. É natural, são amigos e preocupam-se com o meu bem-estar, mas, por outro lado, não me apetece falar. Dilema!
Está decidido, responderei sinceramente ao “tudo bem?” a apenas algumas pessoas. As restantes terão de se contentar com o “vou andando” ou algo parecido. No fundo, estou a exercer a minha nacionalidade. A lusofonia é riquissíma em palavras / frases que não adiantam rigorosamente nada, perfeitas para este tipo de situação. Temos o “assim assim”, o “vou andando”, o “mais ou menos”, o “podia estar melhor”, o “escapatório”, o pós moderno “tá-se”, as opções são numerosas.

Wednesday, August 09, 2006

O meu popó é azul


Há dias, enquanto eu e uns colegas apreciávamos algumas viaturas estacionadas na garagem da empresa, reparámos na monotonia cromática que imperava naquele local. Provavelmente, para cima de cinquenta por cento dos automóveis ali expostos eram cinzentos. Cinzento claro, cinzento carregado, cinzento a cair para o prateado, cinza beata... este fenómeno cinzentão espraia-se pelas nossas estradas, passeios e parques de estacionamento, fazendo do país uma verdadeira mancha cinzenta.
Porquê? O que o cinzento terá de especial para merecer a preferência nacional? Será por uma questão de (falta de) afirmação? Era a única tonalidade disponível para entrega imediata no concessionário? Disfarçará melhor as camadas de pó e as matériais fecais expelidas pelos pombos e outras aves urbanas?
Não consegui descortinar a razão, se é que a há... mas o meu carro, que tão pouco circula, é azul. Não o escolhi para ser diferente da massa cinzenta, que neste caso não é necessariamente sinónimo de inteligência; tenho poucas roupas em tons de azul; não faço a associação das cores aos clubes; enfim, gosto da cor e pronto... e cinzento é que não!