Tuesday, April 07, 2009

Bem-vindos a Almada

A edil de Almada, Maria Emília, foi conduzida ao poder em 1987. Nunca mais saiu de lá.

Actualmente, perdi a conta às presidências e outros cargos de nomeada que esta militante da CDU ocupa. Na certa já ultrapassou o número de medalhas ganha pela Superbock... Já que se diz que o poder embriaga as pessoas.

A Maria tem (alguma) obra feita - não fez mais do que a sua obrigação -, sobretudo nas áreas menos desenvolvidas do concelho, mas ainda está muito por fazer. Admito que seja a minha ignorância a falar, mas esperava mais de quem tem três décadas de experiência política.

Alguns bairros e instalações foram requalificados, mas a zona ribeirinha está abandonada; o metropolitano é uma realidade, mas a verdade é que o actual traçado solucionou tantos problemas como os que causou, no comércio local, no tráfego; a política de desenvolvimento económico, se existe, é ineficaz, mas todos os anos gasta-se uma pequena fortuna em teatro e afins. Corre-se o risco de não ter pão para comer, mas para alguns há circo.

Gostava de ver a minha cidade mudar... Para melhor, naturalmente; mas numa região com forte ascendência de esquerda, a alternativa passa forçosamente pelo PS; e o que é que este partido desaustinado oferece aos almadenses? Num passado recente propôs-nos o senhor Torres Couto. Agora, para as autárquicas de 2009, tenta "impingir-nos" o ilustre Paulo Pedroso!

O que é que Almada tem para merecer estes candidatos?

A sua zona ribeirinha, Cacilhas, é conhecida por "terra dos burros". Ora, quem está habituado aos colóquios de vanguarda que têm lugar no Largo do Rato, pode ficar com ideias estranhas àcerca (da inteligência) dos eleitores de Cacilhas.

Subindo um pouco, quase no centro da cidade, é impossível não dar de caras com as estátuas de uma mulher e de um homem acocorados. É o monumento aos perseguidos! Começa a fazer sentido...

Continuando a subir, para a terceira e última etapa da minha viagem, chego ao Santuário do Cristo Rei. Não há pecado que aquele redentor, imponente, maciço e de braços abertos, não perdoe.

Monday, April 06, 2009

Abril

- Ai! A roupa que deixei a secar!
- Ih! Não trouxe nada para a chuva!
- Acho que deixei uma janela aberta...

Gosto da chuva e das reacções às primeiras precipitações de Abril.

Quase instantaneamente, folheei o Borda d'Água para ler o adágio escolhido para este mês - "uma água de Maio e três de Abril valem por mil".

Friday, April 03, 2009

Kinder surpresa

É raro falar com a minha amiga Jun, mas sempre que o faço, fico na expectativa de ser surpreendido por uma notícia bombástica.

Nem sempre foi assim. Quando a conheci, há três anos, ela, para mim, era uma pessoa um pouco previsível, simpática, aberta, muito afável e culta; via-a como uma formiga chinesa em Tóquio, não obstante da sua educação superior e das suas funções de executiva na indústria farmacêutica, era uma pessoa "normal" - se é que tal existe - sedentária, dada a poucas aventuras e raramente saía.

Se me recordo, Jun encontrava uma fuga à rotina do quotidiano nas viagens que fazia à China, ora por motivos profissionais ora por ocasião das férias, altura essa que aproveitava para visitar a família. Foi numa destas deslocações que Jun se envolveu emocionalmente com um patrício, um chinês.

Os seus pais, porém, reagiram mal a esta relação. Enquanto a filha tinha um emprego estável e bem remunerado num país próspero, o futuro genro, recém-licenciado, sem fortuna nem negócio de família para cuidar, não apresentava quaisquer "garantias". Provavelmente, imaginavam-na casada com um médico ou empresário japonês... O mundo não é tão diferente como nós o pintamos.

A minha amiga estava decidida e à terceira viagem/miniférias com a "cara metade", Jun anunciou à família que pretendia/iria casar com o namorado. Uma notícia que provocou um verdadeiro terramoto! Mal refeitos do choque, pouco tempo depois sentiram a réplica: Jun deixara o seu emprego (em Tóquio) para ajudar o marido a lançar o seu negócio (em Xangai).

Já se passou um ano e a empresa familiar teima em prosperar. Vai andando, paulatinamente... O que não se percebe porque o produto, supostamente, tinha o toque de Midas e era à prova de fracasso. Trata-se da venda de papel amigo do ambiente, biodegradável e reciclável, feito a partir de rochas. Uma coisa muito à frente!

Eu, se não fosse um pobretanas, era capaz de alinhar no esquema...

Mas sejamos sinceros, em tempos de crise, quem é pensa no ambiente?
O único verde que nos interessa é o das notas na nossa carteira.

Desde então, pouco ou nada mudou, mas Jun surpreendeu-me com duas notícias. A primeira é linda, espectacular e ao mesmo tempo previsível: está em “estado de graça”! Grávida!
Está de cinco meses e radiante. Também estou muito feliz por ela.

A segunda novidade é a incógnita do sexo do “rebento”. Jun já fez vários exames, incluindo ecografias, mas segundo a lei chinesa, o hospital está interdito de lhe revelar o sexo da criança.

Cada casal (chinês) só pode ter um filho. É certo e sabido que nos meios rurais preferem “rapazes”, não só por uma questão cultural, mas também porque os homens podem ajudar mais (no trabalho pesado). Se sabem que lhes vai sair uma menina, há pais que podem ter “ideias erradas".... daí a lei do sigilo.

Jun não se coíbe de criticar o “sistema”, mas fá-lo com a devida delicadeza. Subscrevo-a sem reservas, mas por outro lado, ela sabe que esta guerra passa-lhe um pouco ao lado porque ela é “meio japonesa”. O seu passaporte confirma-o. Pode ter dois, três, quatro filhos... a prole que bem entender!

Felicidades, Jun!

Thursday, April 02, 2009

Abertura fácil

Não gosto de fazer compras numa base diária; um pãozinho hoje, umas frutas amanhã, legumes no dia seguinte... Perde-se imenso tempo e acabo sempre por gastar mais dinheiro do que tinha inicialmente previsto. Ao invés disso, prefiro ir ao supermercado ao sábado ou ao domingo de manhã e ficar logo despachado por uns tempos.
Porém, como passei o o fim-de-semana fora, ontem tive de comprar algumas verduras.

Estava prestes a fazer um pagamento numa mercearia ao pé de casa quando, encostado à caixa, vejo uma promoção à cerveja Tagus. O preço não era muito apelativo, aliás, a simpática dona Augusta que me perdoe, mas se continuo a pôr lá os pés deve-se apenas à conveniência da proximidade e ao horário de funcionamento tão ou mais flexível do que o homem elástico...

Como ainda era cedo e só tinha água (da torneira) para beber à refeição, decidi cometer uma pequena loucura e comprei uma embalagem de (seis) cervejas. Tagus, naturalmente. Gosto muito do seu sabor suave (5%) e distinto - talvez por ser a única que é elaborada (só) com água, cevada e lúpulo. Além disso, cada garrafa contém 25 cl, a medida exacta entre a mini e a média.

À refeição, chegada a hora de sorver aquele néctar, reparei numa das frases estampadas na embalagem: "abertura fácil". Óptimo! Peguei numa garrafa e tentei tirar-lhe a carica. Rodei para a esquerda, torci para a direita e nada. Estaria tão fraquinho? Com as mãos molhadas? Ou muito simplesmente seria falta de prática? Repeti a operação com o auxílio de um pano e dei mais uns quantos jeitos na carica... outra vez sem êxito.
Começou a dar trabalho de mais para uma "jola", ainda que seja uma Tagus, sem mais delongas recorri ao saca-caricas e ponto final parágrafo.

Com a tampa numa mão e a garrafa na outra, tentei perceber o que se tinha passado. Não vi sinais de roscas nem de quaisquer sistemas de encaixe. Era uma garrafa igual a tantas outras. Fitei a embalagem e revirei os olhos. A abertura fácil referia-se à embalagem de cartão; essa mesma que toda a gente rasga para sacar de lá as garrafas. Eu sei que a cerveja é uma bebida espirituosa, mas foi uma piada muito seca.

Wednesday, April 01, 2009

Purga(tório) de livros

Recuando um pouco no tempo, não muitos anos, lembro-me do ambiente em jeito de romaria que a Feira do Livro destilava. Ansiava por estes dias de Maio porque era a altura do ano em que tinha acesso a uma montra inaudita de livros.

Livros, livros e mais livros de todas as cores, tamanhos, assuntos, preços... cheiros e sabores porque há quem "devore" estas criaturas de papel. Até mesmo quem raramente lê, se fosse à feira arriscava-se a trazer uma obra qualquer.

O meu entusiasmo pelos livros não esmoreceu e a feira continua a atrair milhares de visitantes, não obstante dos preços praticados pelos editores e das guerras de bastidores dos mesmos.

Além d(est)a feira; ruas, praças, estações, centros comerciais e espaços mais ou menos públicos passaram a acolher mercados de livros - só no percurso diário que faço de casa ao trabalho passo por três feiras deste tipo - que têm nomes sugestivos como "festa dos livros", "volta a Portugal dos livros", "livros em saldo"... São tantas que, nunca pensei dizer isto, já se tornaram uma praga! A ideia é louvável, incitar hábitos de leitura, mas o recheio destes bazares ambulantes não só é uma babilónia como chega a ter um efeito contraproducente.

Romances de cordel caem sobre manuais de filologia; bandas desenhadas da década de 1980 têm preços do século XXI; guias de turismo propõem-nos viagens (no tempo) à República Democrática Alemã; fascículos e livrinhos de culinária, em tempos oferecidos por revistas femininas, são vendidos como se se tratassem de novidades... As raríssimas excepções que me perdoem, mas aquela barafunda tira-me a vontade de ler.

Duas seguidas

A minha primeira experiência de caminhada foi excruciante e ao mesmo tempo divertida. Habituado a percorrer longas distâncias a pé, mas em percursos urbanos, à qual somava a prática regular de natação, julgava estar fisicamente preparado para caminhar em trilhos montanhosos quando me lançaram esse desafio. Além do mais, o trilho proposto tinha pouco mais de 12 quilómetros e estava classificado com grau médio de dificuldade.
Estavam, a meu ver, reunidas as condições minímas. O meu "guia", porém, habituado àquelas aventuras, resolveu pregar-me uma partida: O homem ligou o "turbo" mal nos pusemos a caminho!

Aguentei o ritmo em terreno pouco íngreme, mas à medida que as subidas se acentuavam, tornou-se-me penoso acompanhá-lo. Às tantas, ele distanciava-se poucos metros, parava por uns momentos à minha espera e perguntava-me se eu queria parar. Não lhe dei esse prazer; disse-lhe que era mais lento, por falta de hábito, mas que estava tudo bem. Mal ele me dava as costas e acelerava, eu arfava e resfolegava como um cão... Mas silenciosamente!
O trilho, segundo algumas revistas e brochuras, era coisa para levar 4 a 5 horas. Nós fizemo-lo em 3 horas e meia. Missão cumprida e comprida!
No dia seguinte estava fresquinho e retomei as minhas voltinhas de turista; mais tarde vim a saber que o meu "amigo" ficou em casa a jogar PlayStation... Com os músculos doridos!

Raramente me recordo deste episódio, mas na sexta-feira passada não pude deixar de o fazer porque me meti "noutra": uma caminhada de dois dias. Sinto-me bem e razoavalmente em forma. Há meses que tenho o hábito de andar de bicicleta, dou alguns passeios a pé durante semana e ocasionalmente até faço caminhadas. Mas uma a seguir à outra é novidade para mim! Não me sinto assaltado pelo medo do fracasso, mas ninguém gosta de fazer má figura...

O primeiro dia correu lindamente. Ainda receei que as botas/ténis me "mordessem", mas pelos vistos já estão moldadas aos meus pés. Cheguei ao fim do trilho cansado mas satisfeito, e os 24 quilómetros da etapa esticaram para 27 ou 28 porque o albergue e o restaurante distavam alguns quilómetros.

Acordei mais cansado do que quando me deitei e sabia que tinha pela frente uma etapa diferente da do dia anterior. Menos quilómetros, mas com declives e com uma ribeira para atravessar.
Esforcei-me por manter o mesmo ritmo do príncipio ao fim, alheio aos desníveis do terreno - muitos queixam-se das descidas, mas são as subidas que mais me custam - e não podia ter corrido melhor. Cheguei/chegámos praticamente no pelotão da frente! Até ao último caminheiro chegar ao ponto de encontro, tive de esperar cerca de uma hora.

Para mim, pelo menos para já e provavelmente por este ano, acabou-se a Via Algarviana, mas fiquei a pensar quantos mais dias conseguiria manter-me em "prova"... Talvez em 2010 tire férias para tentar a travessia completa, os 14 dias!

Friday, March 27, 2009

Não venhas tarde

"Playboy" portuguesa à venda no sábado
26.03.2009 - 19h51 PÚBLICO


O primeiro número da "Playboy Portugal" chega às bancas este sábado e não amanhã, como estava anunciado, uma informação adiantada ao PÚBLICO pela responsável do departamento de marketing & comunicação daquela revista.

A "Playboy" é “feita por portugueses e para portugueses”, disse ao PÚBLICO o director de arte João Artur Pernal, que quer “celebrar o prazer de viver”, “sem preconceitos” e “com qualidade”.

Fundada em 1953 por Hugh Hefner, a "Playboy" distingue-se pelas suas fotografias de mulheres nuas – Mónica Sofia, modelo e ex-membro da girls band Dellirium, figura na capa do primeiro número – mas também deu origem a um tipo particular de entrevista que ficou conhecida como a Playboy Interview (Entrevista Playboy), com políticos e celebridades. O antigo jogador internacional português Costinha é o entrevistado do primeiro número da revista portuguesa, que terá uma periodicidade mensal e um preço de capa de 3,95 euros.

A "Playboy" nasceu como uma revista masculina, de “entertainment for men”, mas João Artur Pernal diz que as mulheres constituem 30 por cento do leitorado internacional (a revista tem edições nacionais em vários países). O leitor da "Playboy", diz, “é sofisticado, tanto é homem como mulher”. A "Playboy" portuguesa é o primeiro título lançado no mercado pela Frestacom – Lisbon Media Publishing.

Entre hoje e sábado, haverá seis festas de lançamento da revista.

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Pois... Nota-se a "tuguice". Sobretudo pelo forrobodó e no rigor do cumprimento de objectivos.

Wednesday, March 25, 2009

Apagão

O texto que se segue não é da minha lavra, mas subscrevo-o na íntegra...

É algo tão simples como desligar o interruptor.

O que começou como um movimento quase espontâneo que pretendia incentivar os habitantes de Sidney a apagar as suas luzes e despertarem para os problemas ambientais, cresceu e tornou-se numa das maiores iniciativas mundiais de luta contra as alterações climáticas.
Em 2009, às 20H30 de 28 de Março, pessoas em todo o mundo são desafiadas a apagarem as suas luzes por uma hora – a Hora do Planeta.

Pretende-se este ano que mil milhões de pessoas, em mais de 1000 cidades, se unam em torno deste movimento e com este gesto simbólico mostrem que é possível tomar medidas contra o aquecimento global.

A Hora do Planeta começou em 2007, na cidade australiana de Sidney. Nessa altura 2,2 milhões de habitações e empresas desligaram as suas luzes por uma hora. Apenas um ano mais tarde é que este evento se transformou no movimento global para a sustentabilidade que é hoje, com a participação de cerca de 100 milhões de pessoas e abrangendo 35 países.

Desde então, marcos emblemáticos mundiais, tais como a ponte Golden Gate, em São Francisco (EUA), o Coliseu de Roma, em Itália, e o painel publicitário da Coca-Cola em Times Square (Nova Iorque, EUA), ficaram às escuras, como símbolos de esperança por uma causa que se torna mais urgente a cada hora que passa.

A Hora do Planeta 2009 é um apelo global de acção a todos os cidadãos, todas as empresas e todos os Governos. Um apelo para marcar presença, assumir responsabilidade e envolver-se num esforço conjunto para um futuro sustentável.

Edifícios e marcos simbólicos, desde a Europa até às Américas, vão permanecer às escuras no dia 28 de Março. Em várias cidades do mundo, incluindo Lisboa, as pessoas vão apagar as luzes e unir-se para criar uma acção vital que se pretende que desencadeie a discussão sobre o futuro do nosso precioso planeta.

Mais de 70 países vão participar na Hora do Planeta 2009. Este número cresce diariamente à medida que as pessoas começam a entender este movimento como um acto tão simples que pode gerar tão profundamente a mudança.

A Hora do Planeta é uma mensagem de esperança e uma mensagem de acção. Cada um de nós pode fazer a diferença!

Às 20:30 do dia 28 de Março de 2009 apague as luzes e veja a diferença que pode fazer no combate ao aquecimento global; registe-se em http://www.earthhour.org/portugal e junte-se ao movimento HORA DO PLANETA.

Tuesday, March 24, 2009

Falta de jeito

Adormeci a ver o jogo de futebol de que toda a gente fala, mas acho que o grande lesado não foi o Sporting, mas sim o bom senso do país...

Monday, March 23, 2009

Citius, Altius, Fortius

Este sábado, tal como tinha prometido a mim próprio, pedalei até à Costa de Caparica e regressei pelo mesmo meio.
No total, somando as voltas desnecessárias nas explorações e nos caminhos mal metidos, percorri 30 kms. Nada mau para quem está um tanto ou quanto "enferrujado"!
Não sei se o facto de ter feito esta prova com um dente anestesiado me ajudou - será que é doping?! - mas cheguei ao meu destino em melhor estado físico do que imaginei. Não arfei nas subidas, raramente levantei o traseiro do selim, mantive uma velocidade regular e não senti dores musculares.
O regresso foi mais compassado, mas ainda assim, nada de extraordinário. Este momento de hedonismo foi tão bom que pude ignorar as algaraviadas que estão a fazer na Caparica às nossas custas (e às minhas costas já que não punha lá os pés há mais de um ano): fileiras de mamarrachos de betão; bares, barzinhos e barzões para manter o pessoal bem atestado de álcool; uma espécie de ciclovia com o comprimento de uma rua pequena... Coisas do Polis.

Sunday, March 22, 2009

Vegetar

Há meses – salvo raras mas honrosas excepções - que sou adepto do dolce far niente ao domingo. Acordo mais tarde, não faço a barba, durmo a sesta, sou capaz de prostrar-me no sofá para ver televisão durante duas ou mais horas... a fuga a esta rotina dá-se a meio da tarde quando visto o avental para cozinhar. Na maioria das vezes, confecciono um prato original; nunca antes feito por mim, ao qual tenho o hábito de improvisar um ou outro pormenor.
Sujo uma bateria de louça e espalho um pouco de caos naquela divisão da casa como só os homens são capazes são capazes de fazer, mas ao fim de uma hora, hora e meia, fico com comida suficiente para duas ou três refeições. Além disso, estabeleci uma espécie de regra ao confeccionar apenas pratos vegetarianos, quase sempre vegan.
Hoje, decidi fazer Feijão (preto) à Brás.

Saturday, March 21, 2009

Dia mundial da poesia com Camões

Perdigão perdeu a pena
Não há mal que lhe não venha.

Perdigão que o pensamento
Subiu a um alto lugar,
Perde a pena do voar,
Ganha a pena do tormento.
Não tem no ar nem no vento
Asas com que se sustenha:
Não há mal que lhe não venha.

Quis voar a uma alta torre,
Mas achou-se desasado;
E, vendo-se depenado,
De puro penado morre.
Se a queixumes se socorre,
Lança no fogo mais lenha:
Não há mal que lhe não venha.




Friday, March 20, 2009

O último degrau

Não foi a primeira nem provavelmente terá sido a última vez que, à saída do autocarro, piso ou dou um ligeiro encontrão na pessoa que está à minha frente. Não o faço intencionalmente nem tão pouco sou um passageiro que sofra do tique da pressa. O problema, na maior parte das situações, dá-se porque a "vítima" tem um bloqueio mental no último degrau. Há algo inexplicável que altera o seu ritmo, chegando, inclusive, a estacar o seu andamento. E não me refiro a pessoas de idade e/ou com problemas de locomoção. Este "mal" não escolhe idade, raça, género nem orientação sexual.
Por vezes, detenho-me e evito a colisão; noutros casos, como dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço físico, dá-se o embate!
Não compreendo esta (in)acção, de parar ou quase quando se sai - há os que fazem o mesmo quando entram - dos transportes. O veículo está imobilizado; a distância a cobrir são 20 ou 30 centímetros; do "outro lado" está terra firme, mas mais parece que vão pôr o pezinho nas águas geladas do árctico; o caminho está quase sempre desimpedido; a viagem é exactamente idêntica à do dia, semana, mês ou ano anterior, mas há sempre quem pare subitamente antes de dar aquele último passo, tão pequeno para o homem, mas grande e chato para a humanidade que espera atrás.
A variante dos "contempladores" é outra praga. Não só se imobilizam como olham em frente para perscrutar o horizonte, à procura do quê não sei!
Sobre os que fazem isto e muito mais nas escadas rolantes é melhor nem falar...

Thursday, March 19, 2009

Mangas e morangos com açúcar

É certo e sabido que Maurício de Sousa é o Walt Disney brasileiro. Tem instinto para o negócio: sabe quando e em que área deve investir; muda de editora quando lhe convém; as suas personagens estão associadas a brinquedos, roupas, bugigangas, produtos alimentares, etc., nem sequer lhe falta a cereja no topo do bolo - um parque de diversões temático.
Atento às tendências, Maurício tirou da cartola um coelho bicéfalo ao lançar uma nova série da Turma da Mónica com as personagens mais velhas, adolescentes, ao estilo manga/BD japonesa.
A fruta agora é outra! As personagens não são pequenas e rechonchudas, mas altas e elegantes, tais Adónis e Afrodite, e interessam-se pelo ambiente, praticam desportos radicais, têm dietas saudáveis, cortes de cabelo modernos, roupas fashion, acessórios tecnológicos... modernices!

Wednesday, March 18, 2009

Agora sim!

Está decidido! Este fim-de-semana vou (e volto) à Costa de Caparica... De bicicleta. Espero que as pernas e o treino de semanas não me falhem!
É um dos objectivos que defini mal adquiri a bicicleta, mas tal como muitas pessoas entusiasmadas com o brinquedo acabado de comprar, quando a sensação de novidade perdeu o efeito, ao qual acresce o facto - embora não seja desculpa - de ter ficado sem companhia para as voltinhas dominicais, desleixei-me e comecei a servir-me de qualquer pretexto para não sair de casa...
Agora não porque dizem que vai chover, agora não porque tenho mais que fazer, agora não porque os condutores não respeitam os ciclistas, agora não porque a bicicleta é pesada; tudo isto me lembra o "Movimento Perpétuo Associativo" dos Deolinda.
Mas agora sim... Assim o espero!

Tuesday, March 17, 2009

Um tigre de papel

Quando me sinto abatido, o que ultimamente não é tão raro como o desejável, vou à minha colecção de livros de banda desenhada e releio algo que me eleve o espírito... Não o faço por saudosismo, como quem quer voltar a um tempo em que foi mais feliz, mas apenas pelo gozo que a leitura me proporciona, pela abstracção, seja ela escapista ou não, pelas artes da ilustração e da escrita; e se no processo puder aprender algo, tanto melhor.
Tenho estantes, resmas, caixas destas panaceias; a última escolha recaiu sobre as colectâneas de Calvin e Hobbes, que reli numa penada. Reli, suspirei, senti-me próximo, fiquei extasiado com a presença de espírito destas personagens... Enfim, vislumbrei um arco-íris de sensações agradáveis e só lamento possuir três livros.
Aumentar a minha "farmácia" nestes tempos de crise é algo que não me passa pela cabeça, mas graças à Internet encontrei outro fornecedor para a minha dose (diária) de Calvin & Hobbes. É nada mais nada menos do que o site ou miniportal da agência que distribui Calvin e outras personagens para milhares de jornais.
http://www.gocomics.com/calvinandhobbes/