Ontem, ao abrir a caixa de correio, encontrei um pequeno panfleto cor-de-rosa com o título “10 semanas / perguntas -
um exercício de amor”. Por uns segundos, pensei que o papelito publicitasse a “sessão” de alguma igreja evangélica; coisa frequente na minha banda, mas não. Assim que li umas linhas no interior, onde questionam se a mulher é mais digna por poder abortar, percebi imediatamente de que se tratava de propaganda política.
Os legitimados 20 movimentos e partidos politicos prevêem gastar qualquer coisa como 2,3 milhões de euros na campanha. Uma fortuna! Nas próximas duas, três semanas, o nosso pacato país será bombardeado com folhas, folhetins, tempos de antena, sessões de esclarecimento e tricas… em nome do referendo ao aborto.
Eu já tomei a minha decisão. Não é irrevogável, mas dificilmente mudarei de opinião. Não vou votar! A minha consciência cívica, pelo menos em relação a esta matéria, está tranquila desde 28 de Junho de 1998, data do primeiro referendo.
Tinha algumas reservas sobre o “sim”, que ainda hoje persistem, mas o meu sentido de voto foi nessa direcção e, nesse domingo solarengo, fui um dos 31,8% dos eleitores que exerci o meu direito/dever democrático. O que aconteceu aos restantes 68,8 não sei, mas uma percentagem apreciável da população mais jovem, logo, directamente afectada pelo resultado da votação, deu prioridade a outras actividades, sendo a mais visível a ida à praia. Como Portugal é um país onde o Sol raramente espreita e os dias de praia contam-se pelos dedos da mão esquerda do Capitão Gancho, é compreensível que tenham preterido uma tarefa tão supérflua como a votação no referendo.
Na segunda-feira seguinte ouvi, da boca de amigas e colegas, como lamentavam o resultado da votação. Uma vergonha! Uma tristeza! Só revela como Portugal é um país atrasado… Disseram elas.
Quando, por curiosidade, sondei, junto delas e do meu círculo de conhecidos, quem tinha votado, senti-me na pele de um excêntrico: votei!
11 de Fevereiro é a minha vez. Vou fazer o que der na telha... apanhar uma corzinha na praia, dormir até tarde, curtir a ressaca da noite anterior, improvisar na cozinha, passear...
Tuesday, January 23, 2007
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2 comments:
Somos mesmo um país de "atrasados": todos contestam resultados, mas poucos exercem o seu dever...
Fazes mal em não ir votar. Se o fizeste em 98, porque não em 2007? Vota sim, vota não, vota branco ou nulo, mas vota.
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