Wednesday, December 26, 2007

Friday, November 16, 2007

Tuesday, November 13, 2007

Monday, November 12, 2007

Eufemismo
















Eu chamava-lhe outra coisa...

Monday, May 21, 2007

Pensando melhor...


Retiro as minhas afirmações sobre o meu passado (recente). Cidadão de classe média... nem pó! Depois do que tenho visto e ouvido, diria que, na melhor das hipóteses, era remediado.
É verdade que adquiri um carro e estou a pagar uma casa ao banco. Porém, o meu carro é um pequeno Fiat Panda e o que hei-de dizer do meu humilde lar!? Um T1 em Cacilhas não é propriamente uma quinta na Aroeira.
Não sei como é que pessoas com salários aparentemente baixos conseguem comprar carros potentes, jantam fora com frequência, trocam de telemóvel como quem muda de camisa. etc. Eu, mesmo quando estava a trabalhar e a receber, não fazia nem metade do que este pessoal faz! Acho que há forças no universo que conspiram contra mim.

Wednesday, May 09, 2007

Alfa e Ómega


Não é a perda de emprego e trabalho que me arrastou para uma ligeira, até ver, depressão, mas sim as consequências desse acto.
Graças ao salário confortável que auferia mensalmente, habituei-me a um nível de vida compatível com o mesmo. Gozei férias no estrangeiro, fiz várias viagens intercontinentais, contraí empréstimo para comprar casa e carro, actualizei o meu sistema informático, comprei electrodomésticos, mobília, roupa de marca... Vivi, não por muito tempo, infelizmente, como cidadão de classe média. Foi bom enquanto durou, mas a vida continua...
Olá, futuro!

Monday, February 26, 2007

Já está!



... Fui despedido, dispensado, posto na rua...

Friday, February 23, 2007

Locupletar

Há leituras que são autênticos recontros. Quando a obra ascende às três ou mais centenas de páginas, ou é lida nos transportes públicos, na rua… a lombada e a capa começam a entumecer; outros livros têm descrições tão lânguidas como o método de acção (eleito) dos GOE: vencem o inimigo, neste caso o leitor, pelo cansaço; os tiques literários que cheiram a traques também são recorrentes nos escribas da moda. Basta ler, na diagonal, a contracapa ou as badanas para adivinhar o desfecho da história.
Definitivamente, não é o caso de Umberto Eco. Para ler este autor tenho de estar imbuído num espírito próprio, concentrado e com vontade desmedida de aprender. Talvez por isso o meu primeiro assédio ao Pêndulo de Foucault, há cerca de três meses, saiu frustrado. Ainda não era a minha hora.
Na semana passada voltei a carga, mas com outro ímpeto. Não estou totalmente embrenhado na trama, mas estou lá quase e a adorar… Além de personagens brilhantes, como o obstinado Diotallevi, que se afirma judeu porque o seu sangue lhe diz que os seus pensamentos são refinadamente talmúdicos, contém numerosas passagens que são pérolas, como esta:
“Veremos. Mas o que tínhamos posto na Oximórica? Cá está, Instituições de Revolução, Dinâmica Parmenidaica, Estática Heraclitiana, Espartânica Sibarítica, Instituições da Oligarquia Popular, História das Tradições Inovadoras, Dialéctica Tautológica, Erística Booliana”.
Umberto faz eco na inteligência de qualquer leitor...

Thursday, February 22, 2007

Caminhada 2.0

A primeira vez que participei numa caminhada “a sério”, daquelas que aparecem nos mapas, com percursos assinalados, distâncias e nível de dificuldade medidos, foi há pouco mais de três anos. Então, estava de férias em Fairbanks, uma cidade no coração do Alasca. Lembro-me que o programa de actividades para esse dia incluia uma caminhada de 12 ou 14 milhas numa zona montanhosa chamada Angel Rocks; seguido de uma ou duas horas nas termas de Chena, para relaxar depois do esforço dispendido. Se ainda tivesse tempo e disposição, Gary, o meu companheiro de caminhada, emprestava-me a arma que tinha no carro e fazíamos tiro ao alvo. Americanices!
No dia anterior, enquanto revíamos o trajecto, o Gary perguntou-me se eu estava em forma. Como costumo dizer, em forma estou sempre; posso é estar numa forma arrendondada. Porém, não era o caso. Nunca tive saúde de ferro nem corpo de deus grego, mas na altura andava poucos quilómetros todos os dias, praticava natação e ténis quase religiosamente. Gozava, pensava eu, alguma pujança fisica!
Os primeiros quilómetros foram “piece of cake”, bastante fáceis, apesar dos passos estugados do Gary que impunham um ritmo acelerado ao andamento. Só disparei a pergunta da praxe: “falta muito?”, quando me apercebi que o trajecto era invariavelmente ascendente. Não me queixei do tipo de solo, mais ou menos pedregoso e que constituia por si só um embaraço, mas desesperava e exasperava com as subidas!
Rapidamente, fiz com que o Gary deixasse de caminhar a toda a brida porque eu, a determinada altura, quase andava pé ante pé e resfolgava. Enquanto eu admirava a paisagem deslumbrante do Alasca, o sacripanta do Gary contemplava outro espectáculo: eu, o europeus fraquitus. Um mamífero omnívoro cujo habitat é, definitivamente, a planície.
Quando cheguei ao meu Gólgota, respirei de alívio… com os bofes de fora. Sabia que, a partir daquele ponto, os (muitos) quilómetros que ainda tinha pela frente, eram mais suaves e quase sempre a descer. Não obstante os perigos e o grau de inclinação, sempre tive uma relação muito boa com as descidas.
No fim da caminhada, olhei para as termas com a mesma sofreguidão com que um perdido no deserto olha para um oásis. Água, civilização, cadeiras, sombra, comida… tanta coisa boa ao meu alcance.
Mais tarde descobri que aquela caminhada, segundo os guias turísticos, costuma ser feita em 5-6 horas. Eu e o Gary fizemo-la em 4 horas e vinte minutos! Além disso, devido ao esforço, o meu amigo americano mal se mexeu nesse dia. Só se levantou da cama para jantar. Eu não! Ainda tive energia para dar umas quantas voltas pela cidade, para ir às compras, etc.
Não fiquei traumatizado, mas foi com alguma apreensão que voltei a fazer caminhadas.
É verdade que já andava a burilar esta ideia há alguns meses, mas sempre que pensava nas subidas, um arrepio gelado percorria-se-me a espinha. Como é normal nestas situações, só precisei de convite e de palavras de incentivo: “Vá lá! Isto não custa nada! Tu até estás em forma! Esta é muito acessível! “
Tanto gostei que já repeti a dose e pretendo continuar… Mesmo sabendo que, mais tarde ou mais cedo, hei-de apanhar umas subidas jeitosas.

Wednesday, February 21, 2007

Crise... económica, não de humor

A prova de que Almada é mesmo um mundo à parte é esta “promoção da semana”. Provavelmente, este bólide da Porsche vale mesmo os 72 mil euros. O que está em causa é a noção de “semana” para o stand que, pelas minhas contas, já vai em 20 e tal dias.
Uma centena e meia de metros à frente, outra loja tem afixado na montra um cartaz curioso: “aluga-se o próprio”. Que quererá dizer com isto?

Friday, February 16, 2007

¡Olé!

Cometi uma extravagância! Não foi a primeira e espero ter saúde, tempo e “tempo” para muitas outras doidices.
Perante a minha actual situação do “ora fico, ora vou para o olho da rua!”, resolvi antecipar-me e ir mesmo para a rua… para as ruas de Pamplona durante as festas de San Fermin. Fundamentalismos à parte sobre onde acaba a tradição e começa a barbárie para com os animais, devo confessar que não gosto nem um pouco de tourada. Porém, desde que vi na televisão as largadas de touros, há muitos muitos anos, que aquelas imagens povoam o meu imaginário. Aquilo sim, é fiesta brava.
Comecei a reunir alguma informação sobre o encierro, a famosa largada de touros e, neste momento, estou a considerar a hipótese de entrar na corrida. Se o fizer, em que trecho participarei? No primeiro, logo o mais perigoso? No segundo, onde muitos animais (de duas e quatro patas) escorregam no piso e caem? No terceiro, que termina na praça de touros de Pamplona? Decidirei em Julho…
Por outro lado, a fiesta extravasa a corrida. A maioria das pessoas não arrisca o pescoço; diverte-se nas ruas, nas tabernas, convive, come, bebe, tira fotografias, faz tudo menos dormir... e eu sei porquê. Dormir numa cama em Pamplona nesta altura do ano custa, em média, 150 euros; mais do que eu paguei pela viagem de ida e volta. Isso não me assusta. Juntar-me-ei aos milhares de turistas de pé-descalço que dormem nos jardins e que afirmam ter a mãe Terra como colchão e o céu estrelado como tecto. Sempre é mais poético.
Independentemente da minha situação profissional em Julho, o primeiro fim-de-semana deste mês é para a loucura!

Tuesday, February 13, 2007

O verdadeiro amigo do ambiente

Já se passou quase uma dezena de anos, mas ainda me lembro perfeitamente do asco que muitas pessoas sentiam em relação a um arrumador, toxicodependente, que subia e descia ruas de Almada. Era um fulano ausente, cambaleava à toa, com aspecto pestilento e era frequente vê-lo a discutir. Discutia com condutores – chegou, inclusive, a ser atropelado -, discutia com quem pass(e)ava, discutia com “colegas”... Nunca soube o seu nome, mas apenas a alcunha: piaçaba. Agora compreendo o motivo deste “nome de guerra”.
Poucos objectos são alvo de repugna como o incompreendido piaçaba. Na maior parte das ocasiões encontro-o incólume, como se fosse um adereço de cenário, encostado a um canto, apenas para encher a vista; outras vezes encontro-o exaurido, desgrenhado e com bocados de dejectos agarrados à escova… São raras as situações em que o vejo assim assim; denotando o mesmo uso assíduo que tem uma escova de dentes ou um sabonete.
Na hierarquia dos acessórios de casa de banho, o piaçaba ocupa o lugar mais baixo.
Isto permiti-me chegar à conclusão de que a maioria dos utentes das casas de banho (públicas) tem nojo do piaçaba. Eu sei que o dito cujo move-se em ambientes… fecais! Mas é apenas na extremidade cabeluda, o cabo encontra-se limpo. E se for usado devidamente, o receptáculo deste instrumento deixa de ter aspecto de fossa. Para tal, basta agitar (e não mexer, tipo James Bond) o piaçaba quando este ainda está imerso em água, na sanita, antes de o devolver à base ou suporte. Talvez seja por estas e por outras divagações escatológicas que, infelizmente, tanta boa gente prefere deixar a sanita suja, com recordações de refeições anteriores, ao invés de pegar no piaçaba para limpar a porcaria que fez.
Já assisti a autênticos atentados à saúde pública, capazes de arrancar soluços de vómito a qualquer cabra macho! E este comportamento é transversal à nossa sociedade. Não escolhe idade, sexo, estatuto social ou credo religioso.
A solução pode passar por aumentar a pressão da descarga de água, por uma dieta diferente… ou, melhor ainda, por um inspector sanitário. Quem suja, limpa!

Thursday, February 08, 2007

Teoria da relatividade

Os cartazes dizem que Almada está a um metro do futuro. Propaganda política! Quem vive em determinadas zonas desta cidade, sabe que o presente tem quilómetros de inconvenientes. Abundam paredes pixadas, vendedores (de fruta) ambulantes que conspurcam a zona ribeirinha, passeios sarapintados com dejectos de cão, trafica-se droga às claras e, agora, junta-se-lhe a mãe de todas as obras: o metro.
Durante um ou dois anos este empecilho mordeu os calcanhares (do centro) da cidade, ficando às portas como um invasor indesejado. No entanto, o assédio levou a melhor e a construção do metro já arrancou calçadas e asfalto a escassos metros da minha casa, tornando a circulação de peões e de viaturas um verdadeiro quebra-cabeças.
Se em circunstâncias normais, o estacionamento me obriga(va) a palmilhar ruas, pracetas e becos antes de encontrar um cantinho, o que direi agora… Mas este meio de transporte, mais democrático e amigo do ambiente, segundo os seus promotores, trouxe mais novidades: Noventa ou mais por cento dos estacionamentos públicos disponíveis da minha freguesia foram transformado em lugares para residentes. Sim, sou residente, mas para o provar é necessário tratar da papelada. Tenho de me deslocar à junta de freguesia, meter-me em bichas, lidar com o típico civismo lusitano no que toca às bichas, e apresentar a seguinte documentação:
Bilhete de identidade
Carta de condução
Cartão de eleitor
Registo de propriedade
Cartão de contribuinte
Seguro automóvel
Recibo do imposto de selo
A carta remetida pelo ministério das finanças com a liquidação do IRS
E ainda a documentação respeitante à inspecção obrigatória
A base de dados que sairá deste imbroglio valerá uma pequena fortuna… em certas mãos. Mas estou confiante de que as intenções da empresa responsável pela gestão do parqueamento público são as melhores do mundo. Afinal, tudo se passa em Almada de Leste e a firma chama-se Ecalma... Para eles, não para mim!

Tuesday, January 30, 2007

Assembleia Geral de Condóminos

É um clássico nesta altura do ano! Meia dúzia de proprietários reúne-se à entrada do prédio, despertando olhares curiosos dos transeuntes. Seguem-se alguns momentos incómodos até alguém cortar o silêncio com os prantos da ordem: - Isto é uma pouca vergonha! – São sempre os mesmos que aparecem ! – Vamos começar porque já não vem mais ninguém!… Involuntariamente, há sempre alguém que fica estrategicamente colocado junto de um interruptor para acender a luz quando o temporizador dispara. O pior de tudo é a passagem da pasta. Os condóminos alegam pouca disponibilidade, falta de conhecimentos na área administrativa, assuntos pessoais ou profissionais que poderão prejudicar o seu desempenho enquanto administrador, mas a desculpa mais retumbante é a de que pretendem vender o imóvel.
Além de ser uma maçada assistir a estas reuniões, há sempre o perigo de sair de lá empossado administrador. Foi o que me aconteceu há cerca de dois anos. Entrei na reunião como simples comproprietário e saí administrador. Já me tinham avisado que esta metamorfose pode ocorrer, mas fui negligente. Pensei tratar-se de um capricho do destino, um azar, que só acontece aos outros… como estava equivocado. O(s) administrador(es) cessante(s) diz(em) que aquilo não custa nada. É só depositar as permilagens, fazer umas contitas, assinar uns cheques e já está. Mal se dá pelo trabalho… teoricamente, porque na prática a conversa foi outra. Todos os meses recebi reclamações por causa da (falta de) limpeza; por outro lado, a senhora que desempenhava esta tarefa reclamava um aumento pela prestação de serviços; entretanto, fui confrontado com uma nova lei que obrigou a administração a instalar um sensor de peso no elevador, tive de (mandar) fazer obras no terraço… Mais contactos, mais despesas, mais tempo perdido! E para passar a pasta foi o cabo dos trabalhos, que resultou no aumento da minha pena de 12 para 18 meses.
Outro ano e meio se passou até ganhar coragem para voltar a assinar a folha de presenças na assembleia geral. Geral!? Chamar geral à soma de alguns gatos pingados é um exagero! Enfim… Apesar dos meus receios, a reunião correu muito bem. Agora, a administração é da responsabilidade de uma empresa, a limpeza, idem. Assim é muito mais fácil, mas compreendo porque se diz que o progresso chega sempre tarde…
Reunimo-nos, não na entrada do prédio mas sim, na garagem, longe de olhares indiscretos, e sempre que algum dos intervenientes se lembrava de partilhar uma história pessoal - uma boa parábola vem sempre a jeito - o administrador, tentou, furtivamente, fechar parêntesis para discutir os pontos da ordem de trabalhos.
O zénite da assembleia teve lugar quando um dos condóminos pediu a palavra. Pensei que fosse para manifestar o seu agrado em relação ao desempenho da actual administração, e talvez fosse essa a intenção, mas o certo e sabido é que o senhor usou da palavra para dizer que não tinha nada a declarar. Apeteceu-me dizer: “E podem citá-lo na acta”!

Thursday, January 25, 2007

Fecha-se a porta, solta-se a ansiedade

Habituei-me, na “casa” onde trabalho, a ver as portas dos gabinetes escancaradas, inclusive nos dias de maior poluição acústica. É por isso que, quando me deparo com a situação contrária, suspeito logo de que “algo vai mal no reino da Dinamarca”. Imagino conspirações; políticas de contenção que culminarão na demissão de um ou mais colegas; uma admoestação em privado; discussões de trabalhos particulares… Coisa boa é que não é! E algumas d(est)as suspeições já se confirmaram... Infelizmente, a somar à actual situação de precariedade do meu posto de trabalho, há várias semanas que ouço o cerrar de portas dos gabinetes da minha chefe e do meu director. Sempre que tal acontece, levanto a cabeça, franzo o sobrolho, dá-se-me uma volta na tripa e penso: É desta!... mas ainda não foi!

Tuesday, January 23, 2007

Onde estavas no dia 28 de Junho de 1998?

Ontem, ao abrir a caixa de correio, encontrei um pequeno panfleto cor-de-rosa com o título “10 semanas / perguntas -
um exercício de amor”. Por uns segundos, pensei que o papelito publicitasse a “sessão” de alguma igreja evangélica; coisa frequente na minha banda, mas não. Assim que li umas linhas no interior, onde questionam se a mulher é mais digna por poder abortar, percebi imediatamente de que se tratava de propaganda política.
Os legitimados 20 movimentos e partidos politicos prevêem gastar qualquer coisa como 2,3 milhões de euros na campanha. Uma fortuna! Nas próximas duas, três semanas, o nosso pacato país será bombardeado com folhas, folhetins, tempos de antena, sessões de esclarecimento e tricas… em nome do referendo ao aborto.
Eu já tomei a minha decisão. Não é irrevogável, mas dificilmente mudarei de opinião. Não vou votar! A minha consciência cívica, pelo menos em relação a esta matéria, está tranquila desde 28 de Junho de 1998, data do primeiro referendo.
Tinha algumas reservas sobre o “sim”, que ainda hoje persistem, mas o meu sentido de voto foi nessa direcção e, nesse domingo solarengo, fui um dos 31,8% dos eleitores que exerci o meu direito/dever democrático. O que aconteceu aos restantes 68,8 não sei, mas uma percentagem apreciável da população mais jovem, logo, directamente afectada pelo resultado da votação, deu prioridade a outras actividades, sendo a mais visível a ida à praia. Como Portugal é um país onde o Sol raramente espreita e os dias de praia contam-se pelos dedos da mão esquerda do Capitão Gancho, é compreensível que tenham preterido uma tarefa tão supérflua como a votação no referendo.
Na segunda-feira seguinte ouvi, da boca de amigas e colegas, como lamentavam o resultado da votação. Uma vergonha! Uma tristeza! Só revela como Portugal é um país atrasado… Disseram elas.
Quando, por curiosidade, sondei, junto delas e do meu círculo de conhecidos, quem tinha votado, senti-me na pele de um excêntrico: votei!
11 de Fevereiro é a minha vez. Vou fazer o que der na telha... apanhar uma corzinha na praia, dormir até tarde, curtir a ressaca da noite anterior, improvisar na cozinha, passear...

Monday, January 22, 2007

Chanquete está vivo!



Este fim-de-semana revi os últimos episódios da série de televisão Verão Azul. Já andava nisto há duas semanas, visionando um episódio quase todos os dias, depois do jantar.
A série, que provavelmente me marcou mais na adolescência, tem apenas 19 episódios. Quando a vi pela(s) primeira(s) vez(es), na RTP, parecia ter muitos mais episódios. Era uma eternidade que dava mais sabor e imaginação ao meu pachorrento Verão. Então, ri, assustei-me, apaixonei-me, chorei, inspirei-me… o Verão Azul despertou em mim uma paleta de emoções e, ainda hoje, tenho presente numerosas sequências / episódios: a depressão da Júlia, os constantes desafios do Pancho e do Javi, que discutiam a atenção da Bea, a taberna local, a morte de Chanquete, os passeios de bicicleta e o fim do Verão.
Hoje, volvidos vinte anos, (re)vi o Verão Azul praticamente com o mesmo fascínio de antigamente. Ao contrário de muitos espectadores, a única morte que lamento é a do factor surpresa, já - ou “ainda” será a palavra mais adequada? - sei de antemão o desfecho de cada trama, todavia, (re)descobri imensos pormenores. Em relação ao Chanquete, esse continua lá, vivo e bem vivido, a dar bons conselhos à pandilha.

Friday, January 19, 2007

Ter lata ajuda

O meu orçamento derrapou em Dezembro/Janeiro, e de que maneira… Felizmente, tenho sempre uma na manga, para pequenas importâncias, que me permite passar de deficit para superavit: a lata mealheiro das moedas de dois euros. Em circunstâncias normais só costumo abri-la quando está cheia, mas desta vez não pude esperar tanto; é que o raio da lata é enorme e, além disso, a crise impunha outro prazo. Abri-a com tanta sofreguidão que me cortei e sangrei enquanto a esventrava.
Rei morto, rei posto. A lata foi-se, mas já tem um sucessor à altura: um porco de plástico. Um clássico!

Thursday, January 18, 2007

300 negativos

Janeiro é o pior mês do ano. Depois do consumismo anormal de Dezembro, das festas de fim e de início de ano, e de uma ou outra actividade social, segue-se, pelo menos, quinze dias de carestia.
Tinha consciência de que o meu saldo bancário devia estar nas lonas, mas como nunca peço talão quando faço levantamentos no caixa automático, ignorava o real estado da coisa e fui fazendo cálculos mentais… Mais baseados na fé do que propriamente na gestão das minhas poupanças. Hoje, porém, lembrei-me de aceder ao site do meu banco para saber se posso ir aos saldos… Nem pensar! Aliás, quem me dera estar a zero. Isso era bom comparado com o meu saldo: 300 e tal euros… negativos!
Janeiro é terrível... ou fui eu que gastei de mais?

Wednesday, January 17, 2007

A diferença está na fruta

Ontem, enquanto folheava uma revista francesa para jovens, os meus olhos detiveram-se num anúncio. Quase instantaneamente, recuei poucas semanas no tempo, até ao jantar de 31 de Dezembro, no restaurante-bar-discoteca Statvs, no Parque das Nações.
Estávamos (seis à mesa) a escolher o(s) prato(s) e a(s) bebida(s) quando reparei na página das bebidas da ementa – o estabelecimento é finório q.b. e agradável, mas não vi nenhuma carta de vinhos -, tintos à cabeça, brancos logo a seguir, água, refrigerantes e, nas últimas linhas, o champanhe. A variedade era pouca, mas o que me chamou a atenção foi a presença do Champomy nesta categoria, e a um preço com bolhas: 20 euros!
Champomy, o espumante da pequenada, é um “primo” do Sumol, provavelmente com mais gás, disfarçado de champanhe. Algum cliente menos abonado já o terá escolhido como alternativa ao Moet & Chandon? Caso afirmativo, espero que o tenha feito depois de estar bem “regado”… Assim, não deu pela ausência de álcool e sempre imaginou que bebeu champanhe com sabor a pêssego ou a maçã.

Tuesday, January 16, 2007

Jeitinho

Ricardo, primo do meu amigo Álvaro, trabalha em Estugarda, Alemanha, há quase um ano. Neste lapso de tempo, devo tê-lo visto umas três ou quatro vezes, por ocasião das suas férias. Quando ele se junta ao nosso pequeníssimo grupo da “bica após o jantar”, um dos temas é, forçosamente, a diferença de Portugal versus Alemanha... Falamos de um pouco de tudo; do custo de vida, da produtividade de um e de outro país, do civismo dos habitantes, dos transportes públicos que, segundo o Ricardo, na Alemanha têm uma simplicidade, eficácia e pontualidade irrepreensíveis, e isto em toda a extensão, não apenas no ponto de partida. Como exemplo, o Ricardo costuma mencionar uma paragem insólita na clareira de uma floresta, situada no trajecto de casa para o trabalho. Ao fim de tantos meses, ele nunca viu ninguém na dita cuja à espera de autocarro, nem vivalma se apeou lá. No entanto, o motorista daquela carreira detém-se na estranha paragem à hora de sempre, abre a porta de entrada, se a temperatura assim o permitir, e espera o tempo programado. Uma vez cumprido o horário, o motorista arranca e prossegue viagem. Uma cena digna da Quinta Dimensão!
Nós, em Portugal, estamos habituados a horários mais flexíveis do que uma contorcionista chinesa. Logo no terminal, no início da carreira dos autocarros, muitos motoristas são tentados a sair um minutinho antes do horário previsto se não surgir nenhum passageiro no horizonte… E quem já está no interior da viatura até agradece: chega mais cedo ao seu destino.
As paragens insólitas no nosso cantinho não têm o encanto de uma floresta encantada na Baviera, mas são nossas, e eu conheço umas poucas na Estrada de Paço de Arcos e na Estrada Nacional 10. São paragens em ermos e quando alguém pára diante delas é porque está à espera do autocarro. Todavia, há motoristas que ainda não perceberam isso, e em vez de abrandarem de forma a tornarem-se mais visíveis à distância, não vá o “candidado a passageiro” estar distraído a ler, a ouvir música… continuam a queimar borracha para fazer jus ao mote “a recta convida a acelerar”.
Mas nem tudo é mau. Há motoristas que, por iniciativa própria, fazem os seus pequenos ajustes aos horários mal concebidos, sobretudo nos interfaces barcos/comboio/autocarro. Sabem, por exemplo, que a sua carreira recebe numerosos passageiros de outro meio de transporte que está previsto chegar cerca de 40 segundos a um minuto após a sua hora de partida. Qual é a estratégia que o motorista adopta para recolher estes passageiros? Atrasa a partida o máximo que pode e quando arranca, fá-lo com a porta aberta e a passo de caracol. O truque resulta! É (uma das muitas facetas d)o jeitinho português! Dificilmente o Ricardo verá isto em Estugarda, mas em Cacilhas é a coisa mais normal do mundo.

Friday, January 12, 2007

Na pele de Santiago Nasar

Hoje, mal acabo de chegar à redacção, a (minha amiga e colega) Ana disse-me, com pesar, que ouviu no rádio a notícia do cancelamento das minhas edições. Encolhi os ombros e, com a mesma conformidade que um condenado à morte conhece a data da sua execução, respondi… respondi… Já não sei o que respondi, mas disse-lhe qualquer coisa sobre, o que penso ser, a minha continuidade na editora: estou a prazo até Março ou meados de Abril!
Dadas as actuais circunstâncias; a política de contenção , as vendas em queda, e mais, a extinção de títulos… ai, ai! O que hei-de esperar!?
Todavia, o que mais me custa é a forma como a informação interna - o desempenho financeiro da empresa, o lançamento e o cancelamento de revistas, etc. - é gerida.
Já dobrei a dúzia de anos ao serviço desta empresa, e pouco ou nada mudou desde então. Para sabermos notícias da casa, temos de consultar outras fontes, com especial destaque para a imprensa da concorrência!
Lembra-me o provérbio “O cornudo é sempre o último a saber” ou, numa referência de fino recorte literário, a Crónica de uma Morte Anunciada. Toda a gente sabia o fim trágico de Santiago, no entanto…
Se tiver de levar uma “facada” por causa da conjuntura, que seja - ai! - e que façam as minhas contas. Só dói uma vez e a vida continua; mas uma facada nas costas é que não! É uma dor que desperta ódio, rancor, e coisas más, muito más...

Wednesday, January 10, 2007

Purga(tório)

Ainda estou a recuperar do período de convalescença que minou a minha actividade fisíca a partir dos últimos dias de Novembro. Durante um mês, mais coisa, menos coisa, não me atrevi a pôr um pé na piscina ou no pedal da bicicleta por causa das constipações mal curadas e da temperatura.
O resultado, aliado aos excessos da quadra natalícia , operaram em mim o que era de se esperar: uma barriguinha proeminente!
Deitei mãos à obra, no último fim-de-semana, para desfazer o estrago e, se possível, ficar em melhor forma e mais saudável.
Os programas de sábado e domingo incluíram alguns quilómetros de caminhada pela cidade; o material de natação está preparado para a próxima aula; no domingo deixei-me de frescuras e andei de bicicleta, apesar do frio; as refeições incluíram mais fruta… Até aqui, tudo bem, mas não resisti a uma pequena ajuda “natural ou assim-assim”. Pela primeira, fui a um herbanário e pedi um produto “tipo chá” ou parecido que me ajudasse a queimar gorduras. A ervanária fez-me algumas perguntas sobre a minha condição fisíca e “achámos” que o mais indicado era o @€%&*#. É uma espécie de xarope, ou chá concentrado, que acelera o metabolismo, queimando gorduras no processo.
Aparentemente, a única contraindicação do @€%&*# é a presença de teína. Mas isso tem remédio! Dissolve-se a quantidade prescrita numa garrafa de litro e meio em vez dos indicados 100 cl.
No domingo, enchi várias garrafas e preparei-me para o tratamento que consiste em beber um litro e meio, todos os dias, durante três semanas ou um mês… Felizmente, a poção tem um sabor agradável, muito semelhante ao do Ice Tea de Manga. Posto isto, na segunda-feira não tive qualquer dificuldade em cumprir o objectivo. Foi liquído! O problema estalou na madrugada de terça-feira. Não tenho presente a hora exacta, mas deviam ser umas quatro e tal quando comecei a senti picadas no estômago, seguidas de cólicas. Virei-me para o lado para chamar Morfeu, mas a sensação desagradável persistiu e foi mais forte do que eu. Levantei-me para fazer a vontade da natureza e voltei pelo mesmo caminho. Aconcheguei-me o melhor que pude na cama, mas não havia nada a fazer. O meu cérebro entrou em colisão com o aparelho digestivo.
Levantei-me às oito e meia, cheio de dores, desidratado, destrambelhado, e com uma vontade imperiosa de ir à casa de banho. Imaginei motivos rebuscados que justificassem aquele mal estar, mas eu já sabia o causa: @€%&*#!
Enfim... Passei meio dia, das oito e meia às vinte e trinta, a hora a que me deitei, a correr para o “trono”, além disso, baldei-me à natação!

Wednesday, January 03, 2007

Ano novo, vícios velhos

A entrada do ano novo é o meu botão de reset. Todavia, a patente não é minha. Milhões de pessoas fazem o mesmo por esse mundo fora, porque, psicologicamente, é a altura ideal para renovar promessas – o político que tenho dentro de mim dá sinal de vida!
Faço um balanço, não apenas do ano anterior, mas da vida, e imagino o que tenho de fazer para ser uma pessoa melhor. Ambiciono ser um profissional mais competente, um indivíduo mais saudável, alguém mais célere e mais responsável, mais informado, mais amado… ui! Aqui é que a porca torce o rabo! São muitos “mais” que não costumam dar em nada. Bem, antes isso do que descambar para o “menos”... Mas o primeiro de Janeiro tem outras virtudes. É óptimo para exorcizar as almas possuídas pelo espírito de Natal! Os transportes públicos estão entre os primeiros a conhecer a liberdade. Deixam de ter como destino o “Feliz Natal” e o “Boas Festas para regressarem às suas voltinhas de sempre.
Também fica para trás algum do consumismo e a troca desenfreada de prendas.
É politicamente correcto afirmar que é melhor dar do que receber. Pois, isso é louvável para os pugilistas, para os artistas de luta livre, para a malta das porradas! Para eles é que é infinitamente preferível dar do que receber… pancada! Mas, quem sou eu para me queixar. Recebi poucas, mas excelentes prendas, dei apenas o que pude e a quem quis, e o sorriso que recebi em troca vale ouro – mais um chavão da época. Só me falta desejar paz no mundo e mais justiça social!
De volta a 2007, quero acreditar que é “desta”! O “é desta” é outro lugar comum, eu sei, mas quero acreditar que desta vez será diferente. Ou vai ou racha!